Exu é um dos grandes pontos de conflito nas Religiões Africanas com relação a outras Religiões, por falta de entendimento, pela ignorância e pelo preconceito.
ANJOS OU DEMÔNIOS?
Muitos acreditam que nossos amigos Exus são Demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar (Stephen King perto deles é um pobre inocente).
É necessário entender que no sincretismo afro-católico (imposto num processo de aculturação dos negros pelos padres católicos) os Orixás foram associados a Santos Católicos, inclusive Bará, que é representado por Santo Antônio. Mas porquê este Orixá, irmão de Ogum, animado, gozador, alegre, extrovertido, sincero e sobretudo amigo, foi comparado ao Diabo das profundezas macabras dos infernos? Bem para conhecer esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, local, Mesopotâmia.
A Demonologia Mesopotâmica influenciou diversos povos: Hebreus, Gregos, Romanos, Cristãos e outros. Sobrevive até hoje nos rituais Satânicos que muitos já devem ter executado e visto notícias na televisão e lido nos jornais nacionais e internacionais, principalmente na Europa e EUA.
Na Mesopotâmia os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais eram atribuídos aos Demônios (no mundo atual as pessoas fazem isso até hoje). Os Sacerdotes , para combater as forças do mal, tinham que conhecer o nome dos Demônios e perfaziam enormes listas quase intermináveis. O Demônio mau era conhecido genericamente como UTUKKU . O grupo de sete Demônios maus é com frequência encontrado em encantamentos antigos. Se dividiam em machos e fêmeas. Tinham a forma de meio-humano e meio-animal: Cabeça e tronco de homem ou mulher, cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Com sede de sangue, de preferência humano, mas, aceitavam de outros animais. Os Demônios frequentavam os túmulos, caminhos (encruzas), lugares ermos, desertos, especialmente à noite.
Nem todos eram maus, haviam os Demônios bons que eram evocados para combater os maus. Demônios benignos são representados como Gênios Guardiões, em número de sete, que guardam as porteiras, portas dos templos, cemitérios, encruzas, casas e palácios.
Bom, os negros africanos em suas danças nas senzalas, nos quais os brancos achavam que eram a forma de eles saudarem os santos, incorporavam alguns Exus, com seu brado e jeito maroto e extrovertido assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os negros escravos dizendo que eles estavam possuídos por Demônios.
Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam aos Exus, o que reafirmou a hipótese de que esta forma de incorporação era devido a Demônios.
Assim, como Exus não são bobos, assumiram, sem dizer que sim ou que não, este estereótipo colocado pelo branco.
As cores de Exu, também reafirmaram os medos e a fascinação que rondavam as pessoas mais sensíveis.
Assim o que aconteceu foi uma associação indevida, maldosa, entre aos Demônios Judaicos-Cristãos e os Exus da Quimbanda e ainda o Orixá Exu (Bará), simplesmente por similaridades em relação a cores, moradas, manifestação de personalidade, etc. Isto com o tempo, foi caindo no gosto popular, na psique de pessoas mentalmente e espiritualmente perturbadas e começou a se construir "a visão real", de que Exu é o Demônio.
Muitos médiuns despreparados e anímicos, ou perturbados mental e espiritualmente, recebiam Exus que diziam-se Demônios. Nessa onda de terror ou de horror, alguns autores Umbandistas do passado, por falta de conhecimento ou por ignorância, fizeram tabelas de "nomes cabalísticos dos diabos" associando esses nomes aos Exus de Quimbanda, como: Exu Marabô ou Diabo Put Satanaika, Exu Mangueira ou Diabo Agalieraps, Exu-Mor ou Diabo Belzebu, Exu Rei das Sete Encruzilhadas ou Diabo Astaroth, Exu Tranca Ruas ou Diabo Tarchimache, Exu Veludo ou Diabo Sagathana, Exu Tiriri ou Diabo Fleuruty, Exu dos Rios ou Diabo Nesbiros e Exu Calunga ou Diabo Syrach. Sob as ordens destes e comandando outros mais estão: Exu Ventania ou Diabo Baechard, Exu Quebra Galho ou Diabo Frismost, Exu das Sete Cruzes ou Diabo Merifild, Exu Tronqueira ou Diabo Clistheret, Exu das Sete Poeiras ou Diabo Silcharde, Exu Gira Mundo ou Diabo Segal, Exu das Matas ou Diabo Hicphacth, Exu das Pedras ou Diabo Humots, Exu dos Cemitérios ou Diabo Fruciciérie, Exu Morcego ou o Diabo Guland, Exu das Sete Portas ou o Diabo Sugat, Exu da Pedra Negra ou o Diabo Claunech, Exu da Capa Preta ou o Diabo Musigin, Exu Marabá ou o Diabo Huictogaras e o nosso Exu-Mulher, Exu Pombagira, simplesmente Pomba-Gira ou Diabo Klepoth. Mas há também os Exus que trabalham sob as ordens do Orixá Xapanã, o Senhor dos Cemitérios, e seus ajudantes Exu Caveira ou o Diabo Sergulath e Exu da Meia-Noite ou o Diabo Hael, cujos nomes mais conhecidos são Exu tatá Caveira (Proculo), Exu Brasa (Haristum), Exu Mirim (Seguth), Exu Pemba (Brulefer) e Exu Pagão ou o Diabo Bucons.
Comerciantes inescrupulosos ou, simplesmente, ignorantes, criaram imagens de Exus com aparência de Demônios, cada vez mais medonhos e aterradores (chifres, rabos, partes de animais... ) construindo no imaginário de muitos médiuns e da população Brasileira, um estereótipo de Exu = Diabo, Exu= Satanás, Exu=Coisa Ruim.
Hoje em dia as casas Africanistas (centros, terreiros, tendas...) pelos estudos, pelo conhecimento e pela orientação dos reais Exus, estão abolindo essas imagens e condenando o seu uso. Assim como recriminando médiuns, e supostas entidades que se manifestam dessa maneira dentro dos Terreiros. Porém, o mal foi feito, o estereótipo atingiu a psique das mentes mais fracas e, muitas vezes, vemos em certos canais de televisão que fazem programas religiosos, a invocação dessas aberrações e a indevida associação aos Exus de Quimbanda. O que podemos dizer é que quem invoca a Deus, Deus o tem: Quem invoca o Diabo, o Diabo o tem.
Algumas correntes religiosas estão alimentando a população que participam de seus ritos, a visão de que a culpa para a mazela de suas vidas são os Diabos, os Exus, que vem babando, com as mãos tortas, grunhindo, gritando (vou levar! vou levar...!!!), todos tortos e formatados dentro de um psique moldado e caricato.
Essas religiões e/ou seitas, estão alimentando o medo, a ignorância, o preconceito, a discriminação e a ilusão de que o culto pela dor alheia é aplicado pelas religiões africanas e pelos seus Guias, principalmente os Exus. Então fiquem sabendo que isso é mentira, é ilusão, é ignorância.
Exu combate o mal. Ele devolve o que mandam de ruim, é justo, tem tranquilidade em suas decisões e em seus trabalhos. Ele não é, e nunca foi o Diabo, só é representado assim, para que possamos diferenciá-lo do Orixá Bará e de um homem comum.
Para entrar em contato com pai Guilherme d'Bará ligue para o fone 53 84352242 ou pelo email buzionline@hotmail.com
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