Cada vez mais percebo como os nossos ancestrais nos deixaram um legado de inteligência, amor e respeito pela natureza, mas é com grande pesar que percebo que esses ensinamentos foram se perdendo ao longo dos anos. Gostaria de deixar uma pergunta, aos meus leitores do blog, estamos realmente praticando nosso fundamento baseado em nossa ancestralidade?
Acredito que não, pois se nós olharmos para o passado, somos obrigados a voltar as senzalas, onde tudo começou, e faço mais uma pergunta: Naquela época existia glamour? Não, meus leitores. Existia simplicidade, não eram necessários colares, espelhos, batons, ornamentos quase majestosos. Saliento que falo das Nações trazidas pelos escravos.
Então, tiro uma conclusão simples: O que Yemanjá irá fazer com tantos badulaques, quando nossos ancestrais ofertavam para ela variedades de canjicas regadas a mel, flores, suor e muita fé. Como acreditar que naquela época, com tanta pobreza, escravidão e miséria, se conseguiria colocar adereços em um Axé, partindo desse pressuposto, esta alteração foi feita por nós, Pais e Mães de Santo contemporâneos. Sabemos que por amor e fé, quando podemos queremos dar o melhor aos nossos Santos, Exus e até Caboclos.
Porém, analisando bem, vejo que isso é vaidade humana e nada tem a ver com o Axé dos Orixás. Vira quase uma competição, qual vai ser o barco mais bonito, o tabuleiro mais vantajoso: Puro ego! E com isso, acaba vindo toda uma agressão a natureza: garrafas pet, garrafas de vidro, plásticos, adereços, isopor, madeira. Para ter uma ideia, uma garrafa pet, quando afunda no mar, rios ou cachoeiras, leva mais de 400 anos para começar a se decompor, além do perigo que causa aos peixes e banhistas. Exemplo: O plástico é feito de petróleo, portanto aumenta o aquecimento global, leva centenas de anos para se degradar na natureza e, descartado erroneamente, vai entupir bueiros e tubulações do esgoto provocando enchentes. No lixão ou aterro sanitário, por impedir a circulação de gases, também atrapalha a degradação de outros materiais. Para se ter uma ideia, cada brasileiro consome em média 800 saquinhos plásticos por ano ou quase 153 bilhões de sacolinhas no País inteiro. Se fosse um pedaço único de plástico, daria para cobrir todo o estado do Rio de Janeiro ou metade do estado de Santa Catarina. Isso acaba dando a oportunidade de sermos discriminados e marginalizados por pessoas de baixo nível de leitura, conhecimento e acima de tudo, com interesses escusos. Os oportunistas de plantão, que acabam buscando em nossa fé e em nosso povo ingênuo a oportunidade de angariar simpatia para suas ambições!
Tenho certeza que meus leitores só querem agradar ao Santo mas, como disse acima, tenham certeza que um Axé feito com uma folha de bananeira ou mamona será tão bem recebido quanto o mesmo servido em bandejas ou tabuleiros ornamentados. Isto não é uma crítica ao meu povo e sim um alerta. Temos que voltar a usar a simplicidade dos nossos ancestrais, deixar nossas vaidades e amor ao nosso Santo dentro de nosso Ilê. Lá podemos fazer nossos Axés da forma que acharmos melhor, mas quando formos despachá-los, levemos somente aquilo que se decompõe, o restante basta desprezar, podem ter certeza que o Santo não irá ficar brabo com ninguém! Outro detalhe: para quem não sabe, está proibido sacrifício na rua. Se realmente houver necessidade, até se pode ir, mas prefiram ir em um mato. Evitem passar por constrangimento: ao mesmo tempo podemos evitar oferendas nas ruas, mantendo nossos Axés em segredo como lá atrás (há muitos e longos anos) era feito! Será que não está na hora de reavaliarmos nossa conduta?... Lembram quando os pacotes eram feitos em papel pardo? Nossas trocas em sacos de estopa? E os sacos de Eru não eram em sacos plásticos e sim em balaios. Então, minha gente, vamos mostrar o quanto somos inteligentes e, acima de tudo, o quanto amamos e respeitamos nossa NATUREZA, mãe de nossas raízes.
Para entrar em contato com pai Guilherme d'Bará ligue para o fone 53 84352242 ou pelo email buzionline@hotmail.com
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