quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O ACAÇÁ



Acaçá

As definições mais elementares do acaçá (àkàsà)  é de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de  bananeiras. A definição é correta, mas extremante superficial, pois o acaçá é de longe a comida mais importante do religião africana. Seu preparo é forma de utilização nos rituais e oferenda. Envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.
Todos os orixás, de Bará a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimônias, do ebó mais simples as sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagens fúnebres e tudo o mais que ocorra em uma casa de nação só acontece com a presença do acaçá. A vida e a morte no Africanismo se processam à partir desta oferenda fundamental, sem a qual nenhum homem seria poupado dos dissabores e percalços do destino. Quando recorremos á história dos orixás, percebemos o grande mal que a humanidade todas as vezes que se afasta do poder divino, representada, nesse caso, pelo poderoso Orun, a morada de todas as divindades, e pelo supremo, senhor do Destino dos Homens. Olodumaré, também conhecido como Olorum (Zambi).

Só existe uma oferenda capaz de restituir o axé e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o acaçá. Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos orixás?
Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). 
Depois de coxear, uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de antigamente).
Percebe-se a fundamental importância da folha de bananeira, uma vez que o eco só passa a ser acaçá quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos.
Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí a redistribui o axé.
É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital diante do poderoso orun, os orixás e do grande Deus Oludumaré.
Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum dos dois, que são,  elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.
O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os orixás.
Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do ritual, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que nas nações não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.
Fundamento é o segredo compartilhado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. Só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse de ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado.E o segredo do acaçá é enrolar na folha de bananeira, é o que mantém um casa de nação de pé. Não existe acaçá que não seja enrolado na folha de bananeira...
Entretanto, a imprudência vigora em muitos ilês e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá. Os mais comuns são os acaçá de pia e de forma. No primeiro caso a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os bolinhos esfriam antes de serem utilizados nos ritos. Na segunda receita a massa é espalhada em uma forma e posteriormente cortada em quadradinhos. Este é um procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim então fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.
Não há culto sem acaçá, nem acaçá sem folha. A religião dos orixás não admite modificações na essência na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável. Primeiro vem o acaçá antes dele só a vida. Logo, a folha de bananeira guarda uma vida. Deixar a massa do acaçá exposto é o mesmo que deixar a vida vulnerável.  

LEGBA II



LEGBA
A MOBILIDADE RELACIONADA A LEGBA

Dos sete filhos de Mawu-Lissa, seis receberam como herança a gestão de um domínio delimitada do universo, do qual os seus pais são os demiurgos ou criadores. Apenas o mais moço ou o irmão mais novo da famíiia divina nada possui. Assim sendo, nesse universo em que cada vodun principal tem um domínio para gerir, Legba se caracterizará pela falta de um domínio.
A estratégia interna da estrutura se define pela relação entre as partes precisas repartidas pelas seis primeiras divindades e a ausência de herança específica no que concerne a Legba Por isso, vodun, aparentemente desprovido, será, em realidade, o personagem mais aquinhoado na medida em que pode deslocar-se livremente de um a outro domínio. Legbá não estando ligado a um domínio determinado, fará de sua pobreza aparente um sinal de real riqueza. Ele representará, sob vários pontos-de-vista, o delicado e dramático papel de intermediário entre os diversos vodun, entre os vodun e os homens, e entre os homens uns com os outros. Fazendo dêle o personagem intermediário por excelência, Mawu Lissa também lhe atribuiu o papel de guardião do conjunto do patrimônio divino.

LEGBA, GUARDIÃO DO PATRIMONIO

Este papel é ambíguo. Legbá faz parte do sistema do panteão Mawu Lissa, menos para conservá-lo que para pô-lo em ação. Desde que êle próprio ficou "fora do jogo" na partilha do patrimônio, denuncia êle a fixidez de um jogo que se desejaria imutável e eterno. E de preferência Fa, o vodun da adivinhação, socialmente representado como a palavra do criador (Mawu-Lissa), que melhor representaria o papel de guardião. Fa, como já dissemos, aplica a ordem exata instaurada por Mawu-Lissa. Se, portanto, a mitologia atribui a função de guardião a Legbá, é, sem dúvida alguma a fim de salientar a exigência da mobilidade e da manipulação, inerentes a toda instauração da ordem e com mais razão, à manutenção dessa ordem determinada. O ensinamento que colhemos dos mitos em que Legba é considerado guardião, apesar da ênfase dada, correlativamente, ao seu caráter vivo, malicioso, livre de qualquer restrição, etc., é o seguinte: 

- na concepção do mundo dos daomeanos, o que se conserva estritamente ao nível do espiritual, não é o já consagrado ou, em outros têrmos, a letra morta; é o espírito de relação, sem a fixidez dos elementos concernentes. Nessa ordem de pensamentos, Legbá
é um bom guardião.

continua...........

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

LEGBA


O MODÉLO DO PANTEAO


E através dos mitos da cosmogonia que tentaremas representá-la.
Na origem do mundo atual e à frente do panteão do céu, os mitos colocam Mawu. O  nome Mawu é composto de duas palavras:
Ma e wu. E segundo um princípio bem conhecido em todas as línguas africanas, múltiplos sentidos podem ser obtidos a partir das mesmas. Assim, no caso preciso que nos concerne, Ma pode significar negação ou o verbo distribuir, dividir, enquanto wu pode significar "ser superior a" ou "corpo". A língua, por si só, não pode, pois, permitir-nos uma resposta categórica frente às duas interpretações.
Em tudo o que diga respeito a Mawu, um outro vodun acha-se ligado ao mesmo de forma inseparável: Lissa.
Nesse caso, o nome Mawu designa um par de divindades, um par de gêmeos. Mawu, do sexo feminino, Lissa.. do sexo masculino. A mitologia não consegue separar as duas divindades, mesmo que o aspecto econômico da prática não evoque comumente senão um dos dois nomes do casal original. Nessa ordem de idéias as funções ou responsabilidades
assumidas por um ou outro componente do casal divino, assim como suas característieas, não são idênticas. O  ato de organizar a natureza incumbe a Mawu (divindade da fertilidade), assistida por Dan (vodun, ou melhor, a fôrça que controla a vida e o movimento) . A Lissa (divindade da força e do fogo) cabe o ato de organizar o mundo dos homens, tarefa na qual
é auxiliada por Gou (vodun da transformação do mundo, da indústria, da cultura) . Outras características distinguem Mawu e Lissa. Tudo que diz respeito à feminilidade, conforme a concepção da sociedade autóctone, posta à parte a fertilidade, a gentileza, a alegria, a sabedoria, a maturidade, liga-se a Mawu. Quanto a Lissa, é a força, a robustez, o calor, o trabalho, a juventude que o caracterizam.
Na representação social de Mawu e Lissa, Mawu é a lua e a noite, Lissa é o sol e o dia. Eis o que é a divindade dúplice que rege o universo dos vodun. E que dizer da sucessão dos vodun? Os mitos os apresentam como filhos de Mawu-Lissa. Eis um mito na qual todos os filhos de Mawu-Lissa são evocados: Mawu-Lissa, andrógino, gerou os gêmeos Dada Zodji e Nyohwe Ananou, gerou SÔ (andrógino), os gêmeos Agbé e Naeté, gerou Gou, Djo e o filho mais nôvo, Legbá .


ESTRUTURA E MOBILIDADE NO SEIO DO PANTEAO


A primeira observação que se impõe  o caráter genealógico da concepção do panteão. A função elucidativa dessa sucessão não mais escapa aos pesquisadores científicos. Todos reconhecem com J. P. Vernant  que, "para o pensamento mítico, toda genealogia, é, ao mesmo tempo, explicação de uma estrutura, e não há outra forma de explicação para uma narrativa genealógica". A isso acrescentemos que na concepção genealógica do panteão vodun, cada divindade vive numa dependência em relação ao significativo maior - o demiurgo ao criador Mawu-Lissa. Nessa condição de dependência, cada vodun ocupa um lugar bem marcado Assim, no mito ~cosmogônico evocado mais acima, seis vodun repartem entre si a direção do universo. Dada Zodji e Nyohwe Ananou têm a comando da terra. Desceram à mesma com todas as riquezas que seus pais lhes deixaram em herança; Sogbô possui a gestão dos negócios do céu; Agbé e Naeté ocupam-se do mar; Agé encarrega-se das florestas e dos animais; Gou constitui a força de seus antepassados e ucupa-se da terra a ser desbravada e das armas; Djo traduz, em certo sentido a invisibilidade dos voduns; é o ar que envolve o universo.
Essa nota de explicação genealógica, traduzindo a dependência em relação ao significativo maior que é Mawu-Lissa, não seria um caso particular do mito que se analisa? Parece que, sejam quais forem os mitos cosmogônicos considerados, impõe-se a mesma observação. Apesar das variações regionais, da multiplicidade das ortodoxias e da assimilação desigual dos elementos esparsos, reinterpretados em um conjunto mais ou menos coerente, manifesta-se sempre o mesmo modêlo de explicação genealogica, traduzindo a dependência em relação a um significativo maior. Há aí, pode-se dizer, um modêlo comum que se reencontra ao nível sócio-político. Ele designa a conotação de uma concepção conformistado universo, onde cada coisa se acha em seu lugar,de forma definitiva. A preeminência do primogênito é característica nesse modêlo, no qual as regras e normas precisas definem as relações entre os personagens. Como conceber, nesse modêlo rígido, a possibilidade de mudança? Digamos que a mudança sempre foi possível, passando-se de
uma a outra região. O modêlo comum diversifica-se assim, em vista da ênfase posta em tal ou qual detalhe Nesse sentido, em vez de ver-se Gou na quinta categoria, como é o caso do mito evocado neste artigo, assistir-se-á sua promoção ao primeiro lugar quando se trata de um grupo cultural onde predominam, por exemplo, os ferreiros. A ordem descrita no modêlo de referência não é, portanto, unívoca.
Essa mobilidade, porém, tomada possível pela nãocorrespondência das estruturas nacionais e regionais, não é no entanto, essencial. Uma outra modalidade acha-se inscrita no próprio contexto do modêlo descrito. Situa-se ao nível do vodum Legbá.


continua ...........

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ARLINDO, SEUS ENCANTOS E O BATUQUE DA VILA


Enérgico e generoso como Xangô, Arlindo Cruz é filho do Rei do trovão, Orixá da justiça e inovação. Por amor e gratidão a religião dos Orixás, Arlindo não deixa de oferecer toda primeira quarta-feira do mês, o àmàlà (quiabo com camarão seco e cebola) a Xangô.
Sua estrela começou a brilhar aos sete anos de idade quando ganhou seu primeiro cavaquinho; aos doze, aprendeu violão. Escolado em rodas de bambas como: Candeia, Jorge Aragão, Beth Carvalho e Almir Guineto, conta ainda com as parcerias musicais de Zeca Pagodinho e Sombrinha. Durante 12 anos emplacou sucessos com o Grupo Fundo de Quintal de onde saiu em 1993. Além disso, tem mais de 500 músicas gravadas por diversos artistas e ganhou várias dispustas de samba-enredo. E assim como Xangô tem o seu Osé (machado sagrado) como Rei, Arlindo é o responsável pela propagação do uso do banjo, "seu emblema" no samba.
Neste ano, Arlindo, Martinho da Vila, André Diniz, Leonel e Tunico da Vila foram os compositores do samba-enredo "A Vila canta o Brasil celeiro do mundo-Água no feijão que chegou mais um". Segundo um dos autores, o professor de História André Diniz, diz que este samba foi quase todo composto por e-mail e telefone, pois devida as extensas agendas de shows de Arlindo e Martinho, os cinco compositores quase não se encontravam. O jeito foi conciliar tecnologia com criativade. A perseverança desse filho de Xangô junto com a cumplicidade dos companheiros de roda encheu o samba-enredo de encantos, tornando a Vila Isabel, a campeã do carnaval de 2013.
Candomblecista assumido, Arlindo é sem dúvida um dos maiores artistas do nosso país que sabe mesclar diversos ritmos brasileiros com o som dos atabaques dos Orixás. Seus dois últimos albuns "Batuques & Romances" de 2011 e "Batuques do meu lugar" de 2012, trazem composições que vão desde o excelente jongo até o autêntico samba de raiz.
Èyí tí Sàngó isé o! (Que Xangô dê vida longa ao seu trabalho!).
Para obter vitórias e proteção de Xangô:
Pegue doze caroços de quiabo, lave-os com folhas de negra-mina e faça um patuá. Use este patuá na carteira ou dentro da bolsa.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A MÃE DA CABEÇAS AJUDARÁ EM CONTRATOS


Regência da Semana: ÌYÁ ORÍ 25/02/2013
A Mãe das cabeças te deixará concentrado e zeloso. Ajudará nas finanças e contratos. Cuide da sua alimentação e pratique atividades físicas.
Simbologia:
Ìyá Orí é representada pelo Igbá orí (cabaça do orí - cabeça). Dia: sábado, ideal para romarias.
Oferenda:
Ègbo ìyá: canjica no azeite doce com cebola e camarão.
Cores:
Azul e branco que simbolizam sabedoria e atraem paz.
Características do Orixá:
Também chamada de Yalorí, Ìyá Orí é uma das denominações de Yemanjá. Encantadora, os yorubás a chamam de Àwòyò ou Yemòwo e está ligada a Oxalá e a Ajàlá (O modelador dos orí's – cabeças). Sua evocação é: "Ìyá orí a pé re!" (Mãe das cabeças, nós pedimos boa sorte!).
Axés & Magias:
Os filhos de Ìyá Orí são dedicados e conscientes. Com intuição aguçada, eles podem dedicar-se à criação de obras de arte e devem evitar usar roupas pretas e xadrezes. Seu maior ewò (tabu) de comida é a melancia.
Magia de Ìyá Orí para união:
Forre um prato de papelão com folhas de colônia. Escreva o nome da pessoa em um papel branco e coloque por cima das folhas. Cozinhe meio quilo de canjica, misture com açúcar mascavo e coloque em cima do papel com o nome da pessoa. Polvilhe por cima pemba azul ralada ou pó de waji. Arrie esta magia próximo à beira mar fazendo seus pedidos com fé a Ìyá Orí.
SIMPATIA DA SEMANA: PARA ENTENDER-SE COM A SOGRA
Se você está batendo de frente com a "sogrinha", pegue um copo com água com açúcar, mentalize o nome dela e diga: "N. Sra. Auxiliadora, protetora da família, promova a paz entre mim e minha sogra". Jogue a água numa grama, lave o copo e use-o normalmente. Faça com fé e viva em paz!


sábado, 23 de fevereiro de 2013

CARTA DE AMOR


Não mexe comigo, que eu não ando só,
Eu não ando só, que eu não ando só.
Não mexe não! (2x)

Eu tenho Zumbi, Besouro o chefe dos tupis,
Sou tupinambá, tenho os erês, caboclo boiadeiro,
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris,
Zarabatanas, curare, flechas e altares.
À velocidade da luz, no escuro da mata escura, o breu o silêncio a espera.
Eu tenho Jesus, Maria e José, todos os pajés em minha companhia,
O Menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos, o poeta me contou.

Não mexe comigo, que eu não ando só,
Eu não ando só, que eu não ando só.
Não mexe não! (2x)

Não misturo, não me dobro.
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo, 
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim.
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo,
Garante meu sangue, minha garganta.
O veneno do mal não acha passagem
E em meu coração Maria acende sua luz e me aponta o Caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã, giro o mundo, viro, reviro.
Tô no recôncavo, tô em Fez.
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma, traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de João menino, rezo com as três Marias, vou além, me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas, durmo na forja de Ogum, mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô.

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou, que o santo me leva
É por onde eu vou, que o santo me leva (2x)

Medo não me alcança.
No deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo.
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro, no Oásis de Bethânia.
Pessoa que eu ando só, atente ao tempo. Não começa, nem termina, é nunca é sempre.
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a Justiça.

Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão,
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não (2x)

Onde vai valente?
Você secou, seus olhos insones secaram, não veem brotar a relva que cresce livre e verde longe da tua cegueira.
Seus ouvidos se fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o bem, nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe.
Você pisa na terra mas não sente, apenas pisa.
Apenas vaga sobre o planeta, e já nem ouve as teclas do teu piano.
Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona, não tem alma.
Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.

O que é teu já tá guardado.
Não sou eu quem vou lhe dar,
Não sou eu quem vou lhe dar,
Não sou eu quem vou lhe dar.(2x)

Eu posso engolir você, só pra cuspir depois.
Minha fome é matéria que você não alcança.
Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem fim dos versos, versos, versos, que brotam do poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi.
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai, é pra regar o capim que alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes que você secou.
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio.
Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me molhar.
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só(2x)
Não mexe comigo!

Link: http://www.vagalume.com.br/maria-bethania/carta-de-amor.html#ixzz2Lj5TMN4E

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

AMARRAÇÕES


Amarrações Definitivas / Karmicas (várias linhas)

O que é a Amarração e como funciona

magia
amarração, é um processo místico que consiste numa "maldição" lançada com a finalidade de unir 2 pessoas, sexual ou amorosamente.

Uma amarração, pressupõem que em simultâneo se celebrem 2 tipos de *malefícios:
Por um lado, é realizado um trabalho de união dos caminhos de vida das 2 pessoas que se deseja amarrar, ao passo que por outro lado, á pessoa amarrada são desviados os rumos de vida relativamente a quaisquer outras terceiras pessoas.
Que as bruxarias alteram o destino da vida de uma pessoa, já a Bíblia atesta no Livro de Ezequiel, onde assim podemos ler a propósito das bruxas:
Vos profanais-me por um punhado de cevada ou um pedaço de pão,
destinando á morte quem não devia morrer
e destinando á vida que não deveria viver (….)
gente como pássaros (….)

caçais

As pessoas que vós aprisionaste como se fossem pássaros
Ezequiel 13; 17-23
Assim se verifica que o profeta de Deus se queixa que as bruxas estão alterando os destinos daqueles afectados pelas bruxarias. Pois uma bruxaria de amarração, consiste precisamente numa "maldição" que caindo sobre a vida de uma pessoa, lhe altera o destino e remete os rumos de vida para junto da pessoa que encomendou a amarração. Assim, está-se alterando o destino de uma pessoa, para que ela jamais encontre felicidade e descanso junto de outrem, senão com quem encomendou a amarração.
Espiritos
Trata-se um processo místico por via do qual se invocam espiritos que vão entrar e influenciar na vida de uma pessoa, de forma a leva-la a ficar com alguém que encomendou esse trabalho a troco de dinheiro.
Pela amarração, espíritos são invocados e dirigidos á vida de uma pessoa. Esses espíritos farão cumprir uma "maldição". "Maldição" essa, que vai condenar uma pessoa a ter o seu caminho de vida «cruzado» ou «apegado» a outra pessoa. Isso significa que se todos os passos do caminho de vida da pessoa amarrada não conduzem á pessoa que a amarrou, serão caminhos de dor e sofrimento, seja para si mesma, ou seja para os outros que estejam ao seu lado.
Assim, enquanto essa pessoa não ficar junto de quem encomendou a amarração, ela encontrará sempre á sua volta ou dor, ou angustia, ou contratempos, ou sofrimentos, ou lágrimas, ou bloqueios, sejam em si mesma, seja naqueles que a rodeia. Assim será feito para que essa pessoa não tenha paz, e para que essa pessoa sofra enquanto se mantiver separada de quem a mandou amarrar. Essa pessoa apenas terá descanço e paz quando estiver junto de quem a amarrou, e enquanto andar longe de quem a amarrou, nada mais lhe vai restar senão essa "maldição". Cabe ás entidades espirituais terrenas e mais próximas deste mundo, especialmente aquelas ligadas á luxúria e á vingança, realizar tais tarefas de "maldição". Tais entidades são invocadas por via de rituais de magia negra.

Que efeitos produz uma amarração?

Uma amarração faz uma pessoa ficar com outra, ou faz ela voltar, faz ela desejar e não conseguir deixar de pensar nessa outra pessoa.

Como é que uma amarração consegue levar a uma união?

Uma amarração produz esse resultado de união porque as entidades espirituais que vão abordar a pessoa amarrada vão causar certos efeitos na vida dela.
Ao assim ser, uma amarração abre aquela porta que estava fechada, para que a pessoa que fez a amarração entre por essa porta e acabe conquistando vitoriosamente a vida da outra pessoa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

LIMPEZA ESPIRITUAL



O que é a Limpeza Espiritual?

É um processo espiritual que através da invocação de entidades, faz-se uma varredura de energias ruins e larvas astrais que estão impregnadas na sua casa, no seu negócio ou em seu corpo astral. A limpeza tira o que tem de ruim, ficando mais fácil para a pessoa agir sob a proteção do seu anjo protetor e de uma forma mais lucida e consciente.

Em quanto tempo se tem o resultado?

Em torno de 21 dias o resultado é bem satisfatório, mas a limpeza tem efeito imediato sobre quem a recebe. Todos sentem após o ritual a sensação de leveza e de felicidade, porque nada de mal estará mais ao lado impedindo de fazer o que deseja.

Como sei se preciso de uma Limpeza Espiritual?

Através de sintomas específicos como: dor de cabeça constante e sem razão aparente; dor ou um peso nas costas; sensação constante de cansaço; desânimo com a vida; sem força de vontade para fazer nada; visão pessimista, acha que nada mais vale a pena; nada do que planeja na vida dá certo. Enfim se perceber que tem algo de estranho acontecendo consigo ou a alguma pessoa de sua casa, pode ser um sinal de necessidade de limpeza espiritual.

Tem prazo para terminar o efeito?

Assim como uma casa é limpa, aspirada, lavada, com o tempo a poeira retorna, a sujidade aparece. É a mesma coisa que acontece com as pessoas. Mas diferente da casa, nós, seres humanos, temos como nos proteger destas influências, fechando os pontos de entrada destas energias. Então, para fechar qualquer ponto de entrada de larvas e encostos, basta sentir-se bem, alegre, não permitir que os maus pensamentos retornem. Mas além disso, estará com o ritual e poderá refazê-lo quando quiser.

A Limpeza Espiritual serve para qualquer pessoa?

Sim, exceto para crianças. Todas as pessoas acima de 12 anos podem realizar o ritual de limpeza espiritual.

O que é preciso para a fazer?

Não há restrições quanto a feitura do ritual. Pode faze-lo de duas maneiras, basta adquiri-lo em nosso site e fazê-lo, seguindo as nossas recomendações. Os materias serão preparados e personalizados para si, ou então, fazemos nós o trabalho.

A Limpeza Espiritual serve para desmanchar trabalhos de Magia Negra?

Não. Para quebra e desmanche de trabalho é preciso algo específico, conhecendo a fundo como o trabalho foi feito e isso acontece através de consultas espirituais.

Que efeitos terei após o Ritual de Limpeza?

A primeira sensação é de leveza, liberdade, um estado de espírito muito bom, pois um peso espiritual é retirado de sua aura. E progressivamente, vai notar sua vida dar certo, os caminhos a abrirem-se e a felicidade e o optimismo a voltar à sua vida.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BATUQUE: RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA.

No Estado do Rio Grande do Sul, a Religião de Matriz África, a Religião dos Orixás é popularmente conhecida como Batuque ou Nação. O Batuque é uma Religião de fundamento e cultura Africanas, provenientes da junção de raízes como Oyó, Ijesha (Tradição nagô), e Jeje (Tradição Fon) e Cabinda , é comum seus sacerdotes identificarem seu culto aos Orixás e/ou Voduns, como Jeje-Nagô, Jeje-Ijesa, Oyo-Jeje e Cabinda, porém na verdade, hoje a maioria das casas praticam uma única liturgia tendo como base o Jeje-Nagô, e compartilha dos mesmos cantos e fundamentos, diferenciando apenas algumas existências de qualidades de Orixás e Voduns a serem cultuados, como Legbá, Sogbo, Oxum Oloba etc, e a ordem de xirês e alguns modos de feitura e fundamentos específicos, não se tem noticias de culto a Nkisis apesar de se ter um grande numero de Iles que se denominando de Cabinda. Os cantos são na maioria em Yorubá e Fongbe, tocados com a mão em tambores com couro nas duas faces de corda trançada e também em alguns Iles de tradição Jeje temos o Jeje com aguidavis, muito semelhante ao executado no antigo Daome. No batuque, os orixás são montados com ferramentas, okutás, efos, sacrifícios e etc, tal como são realizados nos Terreiros de candomblé, porém, pouquíssimas qualidades de orixás são comuns entre os dois seguimentos. Entre seus participantes, não são feitos ou designados cargos de santo, onde o Babalorixá ou Yalorixá reina absoluto, exercendo plenos poderes em seus Ilés, geralmente de propriedade familiar/carnal. Nas cerimônias de axexe “aressum”, era comum serem despachados todos seus Ygbás (assentamentos/vasilhas), inclusive os do próprio Ilé, findando o Ile juntamente com seu antigo proprietário, porém hoje tem se verificado uma certa mudança, pois já existem Iles (casas), onde seus axés permanecem e, após consulta a Ifá “buzios”, é escolhido o sucessor do antigo sacerdote, dando prosseguimento a raiz, e a criação e/ou permanência de cargos como Pai pequeno ou Mãe pequena, o batuque assemelha-se muito as casas de Xangô de Recife e Jeje-Mahi, onde sua propagação no sul, surgiu através de Rio Grande e Pelotas, cidades berço da cultura afro no estado, devido ao porto e antigas fazendas com um enorme número de escravos, comercializados e mantidos naquela região, posteriormente, o mesmo teve sua introdução na capital, e com a vinda de um príncipe africano (Príncipe Custódio de Sapakta Erupe), onde fixou residência e auxiliou na propagação do culto em Porto Alegre, difundindo-o nas demais cidades metropolitanas, no batuque, os orixás raramente são vestidos com adornos, porém os mesmos dançam, ficam em estado de erê (axéêre/criança), são cultuados, presenteados e louvados, com saudações e toques acelerados dos tambores, especificamente de acordo com os orixás que estão sendo homenageados, em algumas festas, são feita encenações, baseadas na mitologia dos orixás envolvidos, muitos orixás só falam após receber permissão, onde são dadas após alguns anos em observação e preparação, através de testes e cerimônias reservadas e conhecidas como "axé de fala". as festas de batuque não são filmadas, tão pouco pode-se tirar fotos de orixás, (pessoas boladas/incorporadas), as raízes existentes são diagnosticadas através de seus sacerdotes e representantes ascendentes, ao invés dos Ilés, como é conhecido no candomblé, os oyés (graus de aprontamento), são dados em ciclos de tempo que pode variar conforme o Ile, onde são preparados e entregues os axés pertencentes aos mesmos, com seus fundamentos e ferramentas, como: obés ( faca / metal e autorização para o corte através de assentamento de ogun), entre outros como encantamentos de folhas, Ifá (jogo de búzios), etc. Nos dias de hoje é notório a diversidade no culto aos Orixás e Voduns no RS, onde a pureza de raiz não existe.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO IFÁ




No princípio do mundo, só existia OLOFIN e o nada. Somente ele e sua altíssima vibração. Não existia nem tempo nem espaço. Então, ele decidiu pôr em marcha o tempo, originando inúmeras vibrações, suaves, para tecer o Universo. OLOFIN soprou mais forte e, a partir das partículas de seu hálito, se formaram as estrelas e os planetas. OLOFIN emitiu finos assobios dos quais surgiram as diferentes divindades. Ele determinou que as coisas estivessem separadas umas das outras: adiante, atrás, em cima e embaixo, originando o espaço. OLOFIN fez com que tudo tivesse um passado, um presente e um futuro.
Como OLOFIN se sentiu só, criou, de si mesmo, diversas entidades para distribuí-las no espaço. A partir de diferentes vibrações, surgiram diferentes divindades, cada uma com sua própria característica. OLOFIN criou primeiro OLODUMARÉ, para que este dominasse os espaços, e OLORUN para que fornecesse a energia. Em seguida, OLOFIN criou ODUDUWA, OBATALÁ e IFÁ, que seriam os benfeitores da futura humanidade, e deu, a cada um, uma tarefa a ser cumprida. Finalmente, com seu olhar, criou pequenas vibrações individualizadas e manteve a emanação vital permanente.
Tantas foram as criações e realizações, que nos escapam ao conhecimento, mas estão registradas em sua potente memória. Ele deixou estabelecidas as leis dos movimentos, deu cores às vibrações por sua ordem, originando a luz. Estabeleceu o equilíbrio entre as coisas, a comparação e a separação entre elas. Fez com que a lua competisse com o sol pelo domínio das influências no planeta. Depois de ter criado tudo, OLOFIN voltou ao repouso, para usufruir da contemplação da aventura universal.
IFÁ nasceu de OLOFIN para benefício da raça humana. Fez o inventário de tudo que havia sido criado para organizar na escala de valores. Nesta escala, IFÁ colocou OLOFIN no degrau vigésimo primeiro e OLODUMARÉ e OLORUN no degrau décimo sétimo. Ele próprio ficou, junto com OBATALÁ e ODUDUWA, no degrau décimo sexto, porém ODUDUWA ficou a frente, governando a trilogia.
Continuando com a ordenação, IFÄ colocou as divindades maiores no degrau décimo segundo e as menores no oitavo. Também, determinou que os espíritos dos homens divinizados estariam no degrau sétimo e os homens físicos no quinto degrau. Os animais e as plantas ficaram no quarto e, por último, os seres inanimados no terceiro degrau da escala de valores.
IFÁ estabeleceu, no intervalo entre um degrau e outro, sete níveis de diferenciação. Posicionou, então, exatamente no meio deste espaço, o homem comum com suas virtudes e defeitos. Acima, pôs o homem sábio, aquele que aplica sua inteligência em alguma atividade na qual se sobressai dos demais. Um pouco mais acima, colocou a dimensão do homem santo, que aperfeiçoou seu espírito e colecionou virtudes. Acima de tudo, ficou o santo sábio, que resume os melhores atributos que pode possuir um homem. Do homem comum para baixo, IFÁ posicionou o ignorante teimoso, que debocha do que desconhece; um pouco mais abaixo o homem malvado, que possui as piores qualidades e sentimentos da espécie humana e, por fim, o malvado sábio, que, querendo ou não, fez pacto com as entidades malévolas, aplicando sua sabedoria na destruição.
IFÁ instituiu que o comportamento do homem lhe permite ascender ou cair do lugar em que se encontra na escala, pois do meio para cima cresce a influência das entidades nobres e, para baixo, o contrário. Se a pessoa é iniciada e tem bom senso, analisa todas as virtudes e defeitos que existem e os localiza na escala de IFÁ.
O melhor representante de IFÁ na terra é ORUMILA pois ele se nutriu do espírito de IFÁ. Por inspiração divina, construiu o primeiro opelê, a partir do casco de uma tartaruga, e conheceu os ingredientes necessários e adequados e o modo de torná-los sagrados para que o ajudassem no trabalho.
IFÁ herdou de SHANGÔ o tabuleiro talhado na madeira da árvore sagrada. Aprendeu com OSSAIM o segredo das plantas. Recebeu de OGUM as armas do sacrifício. Teve em ELEWARA seu melhor mensageiro e amigo. Conheceu as qualidades das pedras do rio, da mata e do cerrado. Adorou as mulheres porque estas o cuidavam.
ORUMILÁ conheceu, através de IFÁ, os segredos da criação. Ele joga seu opelê para escrever, segundo o signo, o segredo que se revela, elaborando, assim, o livro sagrado. Por isso, diz ORUMILÁ, que tudo se pergunta a IFÁ, pois ele sempre tem uma resposta para cada pergunta.
Há muitos milênios, os homens esqueceram as verdades transcendentais, sem saber que elas ficaram escritas, por fragmentos, no livro sagrado de IFÁ e que ninguém possui esta obra completa, lamentavelmente perdida no tempo. Os iniciados de diferentes lugares têm partes desta grande obra do mestre ORUMILÁ, que chegou aos nossos dias por tradição oral e que devem ser explicadas nos vários signos do oráculo, ainda desconhecidos.
Quando OLOFIN criou, de si mesmo, o grupo de divindades, surgiram, numa última emanação, várias vibrações individualizadas. Tinham a mesma essência do ser que as criou e todas, como ele, conheciam os segredos do Universo. Todas partiram do não-tempo e do não-espaço; o tempo e o espaço não afetavam sua natureza, eram imortais desde o princípio. Afinal, quem pode impor limites ao ilimitado? Quem questiona do grande construtor a sua obra? Isto é assim tanto para as pequenas individualidades quanto para as grandes entidades, todas criadas no Universo com propósitos bem definidos.
Temos, então, o olhar de seres espirituais que interagem com os planos mais densos da criação, que são protagonistas de fatos transcendentes e que vivem sua experiência material na terra. Tudo isso ficou registrado no livro sagrado de IFÁ para que sempre, no futuro, se tivesse conhecimento do passado.
Isto dá um idéia, por exemplo, da grande diferença que existe entre o ser humano e a besta. Essa recebe como herança os instintos e traz ,em sua memória, fragmentos da vida de seus antepassados; possui instintos apurados para enfrentar a natureza, sendo a agilidade ou a força seus atributos principais e com a morte encerra o seu eu individual. Já no ser humano os instintos são mais débeis; esquece suas vidas passadas, a inteligência é o seu principal dote e, ao morrer, sua mente se soma ao infinito, onde o espírito recobra o conhecimento universal.
No princípio, os espíritos se expandiram pelo espaço, vagando sem um destino determinado; não tinham uma tarefa imediata para cumprir no programa cósmico. Foi OLODUMARÉ quem traçou um plano para que se reagrupassem perto da terra, sem ultrapassar a Lua, ficando nessa região do espaço. Foram, desta forma, testemunhas do trabalho dos construtores celestes, quando desceram as divindades maiores, em grupos de sete, cada grupo acompanhado de um séquito de entidades menores, distribuídas pelo planeta.
Os espíritos observaram as evoluções da esfera terrestre, onde se originou a natureza primitiva. Tudo isso ORUMILÁ, inspirado em IFÁ, deixou registrado nos diferentes signos do livro sagrado, para honra do grande benfeitor e de seu pai OLOFIN. Assim, por um tempo indefinido, vagaram estes espíritos sobre a terra, perguntando-se o que os mantinha ali, pois não possuíam os atributos necessários para efetuar qualquer mudança, nem a energia de suas vibrações afetava o que se denominava matéria. Isto porque a escala de IFÁ, também, determinou limites do poder, o que era nítido para toda a criação.
Ainda nos dias de hoje, os espíritos dos mortos vão para LIFÉ OORE, mundo dos mortos, onde recuperam seu conhecimento universal enriquecido com a experiência vivida. Quem visita, por um instante, esse lugar e retorna, em seguida, à vida terrestre, em geral, não encontra palavras para traduzir a grandeza do infinito.
De Lifé Oore descem os espíritos de luz a cumprir diversas missões na terra, e não devem ser confundidos com aqueles outros, escravos das entidades malévolas.
Olofin criou o universo no espaço e no tempo, e junto com ele as luzes que mantêm o equilíbrio, estabelecendo dois extremos: para a direita, se encontram as forças nobres, as que lutam pela harmonia; no lado oposto, estão as forças contrárias. Permitiu que as forças do bem inclinassem ligeiramente a seu favor a balança, sempre com o perigo de perder a vantagem, já que o mal rodeia o bem.
Ifá transmite ao homem sua sabedoria e lhe diz que, do degrau décimo segundo para baixo, todas as divindades e seres da criação podem ser influenciados por uma ou outra força, já que os mais nobres ou generosos têm suas poções e vinganças, e os muito malvados podem abrir o caminho da prosperidade.
Tudo depende do conhecimento que se tenha dos distintos caminhos e do livre arbítrio no cumprimento dos conselhos de Ifá.
Nunca devemos esquecer as recomendações que Orumilá costuma dar, para que as más influências não afetem nosso espírito com a desgraça. Porque ainda que tentemos nos esconder numa roupagem de santidade os maus pensamentos, o que ganhamos ou perdemos nos dá a realidade dos méritos adquiridos. Ainda que as entidades possam ajudar a prosperar, é importante tomar muito cuidado para que sua influência não absorva a pessoa por completo.
Por isto dizemos que, para resolver problemas nobres, trate Exu com respeito. Não faça pacto com as forças do mal para não cair em suas redes. Não imite os defeitos das entidades superiores, eles sofrem as calamidades da vida material, foram criados com propósitos diferentes e gozam da felicidade de seus planos celestiais. Se deixar crescer em você a maldade, corre o risco de, ao morrer, ter seu espírito afastado do conhecimento universal, convertendo-se em mais um instrumento das entidades malévolas.
Para criar a natureza mineral primitiva, desceram ao planeta, em grupos de sete, as divindades maiores misturadas com as entidades menores. Foram sete as vibrações fundamentais. Desceu Olokun para dar forma aos picos e aos oceanos, e Orishaoko para levantar as terras do fundo dos mares. Xangô criou a atmosfera e as nuvens com suas cargas elétricas. Ogum elaborou os minerais e esculpiu as montanhas. Yemanjá recortou as costas, atuando no equilíbrio terra-mar. Oxum deu lugar aos rios, aos mananciais e a todas as águas doces. Oroinha (Agayu) dominou os fogos centrais da esfera terrestre e manteve o controle dos vulcões.
Desceram, em seguida, outros grupos de entidades maiores que criaram as estações, segundo a posição do planeta, assim como a rotação da terra e da lua, dando origem aos mares, aos dias e às noites. Estas entidades utilizaram diversos elementos das rochas, das águas e do ar para criar os reinos animados, a partir da natureza morta. Os vegetais e os animais, seres que possuíam a capacidade de reprodução, modelaram, durante milênios, todas as suas variantes. Aos poucos, foram executando sua tarefa e eliminando uma forma de vida para construir outra mais complexa, dando origem à enorme diversidade que, atualmente, constitui estes reinos.
As divindades fizeram com que as plantas se prendessem ao solo, tornando-se fixas, e que os animais se movimentassem pelo ar, água e terra e utilizassem os vegetais como alimento. Os elementos ficaram constituídos como uma presença vital para estes reinos. Assim, a água permitiu a vida material, o ar contribuiu para o equilíbrio vegetal-animal e foi o veículo do hálito de OLOFIN; o fogo assumiu o papel de destruir e revigorar durante o processo de mudanças e OLORUN foi quem forneceu a energia vivificante.
Estas divindades ficaram a cargo do que haviam criado, se distribuindo, segundo suas características vibratórias, pelas múltiplas riquezas do planeta. Tudo isso foi testemunhado por IFÁ.
Dentro desse processo, desceram ao plano terrestre os três grandes benfeitores da Humanidade: ODUDUWA, IFÁ e OBATALÁ. O primeiro tomou parte da legião de espíritos, que se encontravam próximo, e os instruiu para a tarefa que teriam daí em diante. IFÁ modelou um corpo de muito pouca densidade, semelhante ao físico, que pertenceria a nova espécie, em fase de criação. Cada espírito, instruído por ODUDUWA, ocupou um dos corpos astrais elaborados por IFÁ; com essa morada semimaterial, começaram a vagar sobre a terra, como fantasmas.
Neste momento, OBATALÁ começou a elaborar um nova espécie , destinada a superar os outros animais. Para tanto, combinou os elementos evolutivos necessários, dando forma ao ser humano: duas pernas para sustentá-lo firmemente na posição vertical, própria de um rei; dois braços fortes para que pudesse dominar as outras espécies; um coração grande e forte dentro de um peito poderoso, capaz de proteger a força vital; uma cabeça em cima, com os melhores sentidos, para observar e perceber tudo à distância; um complexo mecanismo de nervos, músculos e fluidos, ficando, assim, consumada a obra do grande construtor do homem.
Terminada esta obra de OBATALÁ, ODUDUWA completou a criação, atribuindo um espírito com seu corpo astral a cada um daqueles reis de OBATALÁ. Estava criada a interação entre o físico e o espiritual, que os ajudou a despertar os sentidos e desenvolver o instinto. IFÁ, que ajudou a executar e testemunhou tão maravilhosa obra, transmitiu a ORUMILÁ a verdade dessas realizações, anotadas nos signos do livro sagrado, para que o conhecimento da criação humana chegasse até os dias de hoje.
Uma vez que o grupo dos espíritos ficou a cargo dos seres humanos e se iniciou a interação corpo-espírito, revelou-se a importância do periespírito criado por IFÁ, pois o espírito desprendido de OLOFIN, com sua imensa vibração, não podia manifestar-se diretamente no plano vibratório do homem animal. IFÁ já tinha resolvido esta contradição quando modelou um corpo astral com vibrações intermediárias, para ajudar na formação do novo ser.
Podemos afirmar, então, que, desde o princípio, o homem se formou com três corpos: o físico, o seu duplo astral e seu espírito, graças a vontade de OBATALÁ, de IFÁ e de ODUDUWA. Porém IFÁ, com sua sabedoria infinita e clarividência, preparou o corpo astral para diversas funções, que são explicadas em diferentes signos, de acordo com a instrução que ORUMILÁ recebeu de IFÁ. Por isso, o homem comum deve aprender os ensinamentos de ORUMILÁ para adquirir sabedoria e o ignorante não deve desprezar o que desconhece, para não aumentar sua ignorância.
Há que aprender sobre a evolução material, pois primeiro as vibrações de energia se acalmaram, tomando formas cada vez mais densas, até chegar à matéria. A quem interessar, este pode ser o ponto de partida para elevar, novamente, a vibração do pensamento e entrar em harmonia com o infinito.
Quando nasceu o duplo astral, ou periespírito, por iniciativa de IFÁ, resultado da união do corpo físico com o espírito que o domina, este teve, entre outras funções, a de permitir ao ser humano alimentar-se da energia vital de OLOFIN. Neste tempo não existia a morte, não se concebia que o criado tivesse um final, o que acontecia, também, com o periespírito. Porém, quando se estabeleceu a morte, pondo fim à vida do corpo físico, o duplo astral, com seus atributos tanto do espírito quanto do corpo material, continuou a existir, além deste último, por um tempo mais ou menos prolongado, de acordo com a influência de uma parte ou outra parte sobre ele. No homem espiritual, o periespírito morre prontamente, enquanto no homem apegado aos assuntos vulgares da vida terrena ele fica vagando pelos espaços escuros, ignorante de seu destino. Ele impede, então, que seu espírito faça a viagem a LIFÉ OORE, a morada onde descansará da missão cumprida, ainda que, mais cedo ou mais tarde, sempre fosse seguir este caminho.
Irmãos, quem tenha vidência para contemplar as formas invisíveis às pessoas comuns, aprenderá a distinguir entre o espírito de luz e as entidades malévolas. O mesmo pode acontecer com os duplos astrais que, sem objetivo determinado, vagam pelo espaço, pois não tendo os atributos físicos necessários, perderam a coerência do pensamento e, muitas vezes, servem de instrumento às entidades malévolas. Tudo isto é o que ORUMILÁ recebe por inspiração de IFÁ, ficando devidamente registrado no livro sagrado.
A irradiação espiritual se realiza enlaçando o corpo físico através de seu duplo astral. O espírito flutua toda a vida ao redor do corpo; esta é sua pequena morada, onde permanecerá um certo número de anos, lutando para lhe transmitir a mensagem do que não morre. Mas o homem comum não recebe muito dessa irradiação. Quando age de forma incorreta, uma voz que vem de dentro e que, geralmente, é chamada de voz da consciência – e que, na realidade, é o seu espírito vem lhe dar conselho. Afinal, quem melhor que a própria pessoa, elevando seu pensamento, para se aconselhar? Quem irá gostar mais de você do que você mesmo?
Por isto, homem comum, tenha a preocupação em se superar. Homem sábio, empregue sua inteligência na meditação sobre estes mistérios para que possa atingir a qualidade de santo. Continue subindo na hierarquia de IFÁ, pois as virtudes fortalecem o espírito constantemente, cobrindo o corpo com uma couraça astral, impenetrável aos maus pensamentos e a toda vibração negativa.
E se você conseguir somar às virtudes dos conhecimentos que ORUMILÁ lhe transmite, poderá conhecer a verdade muito antes da morte do corpo. Poderá compreender as experiências passadas para enfrentar o futuro com êxito. Não será torturado pelo medo e pela incerteza. Quando morrer, seu espírito, já livre de limitações, irá prestar contas diretamente ao poder do infinito.

Tudo isso é parte das lições que IFÁ, o benfeitor, ditou, milênios atrás, para os homens.