quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

LEGBA II



LEGBA
A MOBILIDADE RELACIONADA A LEGBA

Dos sete filhos de Mawu-Lissa, seis receberam como herança a gestão de um domínio delimitada do universo, do qual os seus pais são os demiurgos ou criadores. Apenas o mais moço ou o irmão mais novo da famíiia divina nada possui. Assim sendo, nesse universo em que cada vodun principal tem um domínio para gerir, Legba se caracterizará pela falta de um domínio.
A estratégia interna da estrutura se define pela relação entre as partes precisas repartidas pelas seis primeiras divindades e a ausência de herança específica no que concerne a Legba Por isso, vodun, aparentemente desprovido, será, em realidade, o personagem mais aquinhoado na medida em que pode deslocar-se livremente de um a outro domínio. Legbá não estando ligado a um domínio determinado, fará de sua pobreza aparente um sinal de real riqueza. Ele representará, sob vários pontos-de-vista, o delicado e dramático papel de intermediário entre os diversos vodun, entre os vodun e os homens, e entre os homens uns com os outros. Fazendo dêle o personagem intermediário por excelência, Mawu Lissa também lhe atribuiu o papel de guardião do conjunto do patrimônio divino.

LEGBA, GUARDIÃO DO PATRIMONIO

Este papel é ambíguo. Legbá faz parte do sistema do panteão Mawu Lissa, menos para conservá-lo que para pô-lo em ação. Desde que êle próprio ficou "fora do jogo" na partilha do patrimônio, denuncia êle a fixidez de um jogo que se desejaria imutável e eterno. E de preferência Fa, o vodun da adivinhação, socialmente representado como a palavra do criador (Mawu-Lissa), que melhor representaria o papel de guardião. Fa, como já dissemos, aplica a ordem exata instaurada por Mawu-Lissa. Se, portanto, a mitologia atribui a função de guardião a Legbá, é, sem dúvida alguma a fim de salientar a exigência da mobilidade e da manipulação, inerentes a toda instauração da ordem e com mais razão, à manutenção dessa ordem determinada. O ensinamento que colhemos dos mitos em que Legba é considerado guardião, apesar da ênfase dada, correlativamente, ao seu caráter vivo, malicioso, livre de qualquer restrição, etc., é o seguinte: 

- na concepção do mundo dos daomeanos, o que se conserva estritamente ao nível do espiritual, não é o já consagrado ou, em outros têrmos, a letra morta; é o espírito de relação, sem a fixidez dos elementos concernentes. Nessa ordem de pensamentos, Legbá
é um bom guardião.

continua...........

Nenhum comentário:

Postar um comentário