quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BATUQUE: RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA.

No Estado do Rio Grande do Sul, a Religião de Matriz África, a Religião dos Orixás é popularmente conhecida como Batuque ou Nação. O Batuque é uma Religião de fundamento e cultura Africanas, provenientes da junção de raízes como Oyó, Ijesha (Tradição nagô), e Jeje (Tradição Fon) e Cabinda , é comum seus sacerdotes identificarem seu culto aos Orixás e/ou Voduns, como Jeje-Nagô, Jeje-Ijesa, Oyo-Jeje e Cabinda, porém na verdade, hoje a maioria das casas praticam uma única liturgia tendo como base o Jeje-Nagô, e compartilha dos mesmos cantos e fundamentos, diferenciando apenas algumas existências de qualidades de Orixás e Voduns a serem cultuados, como Legbá, Sogbo, Oxum Oloba etc, e a ordem de xirês e alguns modos de feitura e fundamentos específicos, não se tem noticias de culto a Nkisis apesar de se ter um grande numero de Iles que se denominando de Cabinda. Os cantos são na maioria em Yorubá e Fongbe, tocados com a mão em tambores com couro nas duas faces de corda trançada e também em alguns Iles de tradição Jeje temos o Jeje com aguidavis, muito semelhante ao executado no antigo Daome. No batuque, os orixás são montados com ferramentas, okutás, efos, sacrifícios e etc, tal como são realizados nos Terreiros de candomblé, porém, pouquíssimas qualidades de orixás são comuns entre os dois seguimentos. Entre seus participantes, não são feitos ou designados cargos de santo, onde o Babalorixá ou Yalorixá reina absoluto, exercendo plenos poderes em seus Ilés, geralmente de propriedade familiar/carnal. Nas cerimônias de axexe “aressum”, era comum serem despachados todos seus Ygbás (assentamentos/vasilhas), inclusive os do próprio Ilé, findando o Ile juntamente com seu antigo proprietário, porém hoje tem se verificado uma certa mudança, pois já existem Iles (casas), onde seus axés permanecem e, após consulta a Ifá “buzios”, é escolhido o sucessor do antigo sacerdote, dando prosseguimento a raiz, e a criação e/ou permanência de cargos como Pai pequeno ou Mãe pequena, o batuque assemelha-se muito as casas de Xangô de Recife e Jeje-Mahi, onde sua propagação no sul, surgiu através de Rio Grande e Pelotas, cidades berço da cultura afro no estado, devido ao porto e antigas fazendas com um enorme número de escravos, comercializados e mantidos naquela região, posteriormente, o mesmo teve sua introdução na capital, e com a vinda de um príncipe africano (Príncipe Custódio de Sapakta Erupe), onde fixou residência e auxiliou na propagação do culto em Porto Alegre, difundindo-o nas demais cidades metropolitanas, no batuque, os orixás raramente são vestidos com adornos, porém os mesmos dançam, ficam em estado de erê (axéêre/criança), são cultuados, presenteados e louvados, com saudações e toques acelerados dos tambores, especificamente de acordo com os orixás que estão sendo homenageados, em algumas festas, são feita encenações, baseadas na mitologia dos orixás envolvidos, muitos orixás só falam após receber permissão, onde são dadas após alguns anos em observação e preparação, através de testes e cerimônias reservadas e conhecidas como "axé de fala". as festas de batuque não são filmadas, tão pouco pode-se tirar fotos de orixás, (pessoas boladas/incorporadas), as raízes existentes são diagnosticadas através de seus sacerdotes e representantes ascendentes, ao invés dos Ilés, como é conhecido no candomblé, os oyés (graus de aprontamento), são dados em ciclos de tempo que pode variar conforme o Ile, onde são preparados e entregues os axés pertencentes aos mesmos, com seus fundamentos e ferramentas, como: obés ( faca / metal e autorização para o corte através de assentamento de ogun), entre outros como encantamentos de folhas, Ifá (jogo de búzios), etc. Nos dias de hoje é notório a diversidade no culto aos Orixás e Voduns no RS, onde a pureza de raiz não existe.

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