sábado, 16 de fevereiro de 2013

ORIXÁ EWÁ


Ewá é filha de Nanã, irmã de Obaluaiê e gêmea de Oxumaré. É o Orixá do rio Yewa que fica na antiga tribo Egbado no estado de Ogun na Nigéria. É a divindade do canto, da música, dos sons da natureza, das coisas alegres e vivas. Está presente no canto dos pássaros, no correr dos rios, no barulho das folhas sopradas ao vento, na queda da chuva, no assovio dos ventos, na música interpretada por uma criança, no choro do bebê. 
Senhora do belo, Ewá é aquela que vai dar cor aos seres, torná-los bonitos, vivos, estimulando a sensibilidade, a fragilidade das coisas. É a deusa da beleza e tem o poder da vidência. Sua força natural é ligada à alegria, dividindo com Ibeji a regência daquilo que se chama ou se tem como feliz. 
Ewá habita as matas, lagos, rios e o próprio ar.  É o Orixá que transforma a água de seu estado líquido para o gasoso, gerando nuvens e chuvas. É associada também à guerra e possui fúria incontrolável. É a parte branca do arco-íris, por isto sua proximidade ritual e característica com Oxumaré. 
Usa um cetro chamado calabá que é composto por uma cabaça com uma lança no centro, no sentido vertical, enfeitada com tiras de búzios.  As cores de seus colares são o vermelho e azul (transparentes), usa como insígnias a âncora e a espada, ofá que utiliza na guerra ou na caça, brajás de búzios, roupa enfeitada com iko (palha da costa) tingida. 
Pouco conhecida no Brasil, é cultuada na Bahia somente em três casas antigas devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Ewá, quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Oxum ou Oyá. O desconhecimento começa com as coisas mais simples, como a roupa que veste, as armas e insígnias que segura e os cânticos e danças. Ewá é considerada a metade mulher de Oxumaré pois mantém fundamentos em comum com este Orixá e inclusive dançam juntos.  
Alguns dizem que sua data é comemorada em 13 de Dezembro, outros que é comemorada em 5 de agosto.  Faz sincretismo com Nossa Senhora das Neves.

LENDAS

1 – Oduduá encarregou Ewá de fazer alguns ajustes na Terra, em sua forma estética. Ewá, então transformou-se em um camaleão, assim plainou toda a superfície do planeta, deixando-a lisinha, uniforme e redonda com Oduduá, a grande mãe criadora da Terra, sempre quis. Sabendo do grande sucesso de Ewá na missão proferida e ordenada por Oduduá, Obatalá (Oxalá), o grande pai e criador do ser humano em sua forma, encarregou também Ewá de semear a vida vegetal no planeta. Para essa difícil tarefa, Ewá se transformou em uma galinha de cinco dedos.  Com as sementes dadas por Obatalá, Ewá ciscou e espalhou de forma desigual as tais sementes, originando, com triunfo, todo o verde. Assim foi conferido por Oduduá e Obatalá o título de “dona da transmutação”, à divindade Ewá. 
2 – Havia uma mulher que tinha dois filhos, aos quais amava mais do que tudo. Levando as crianças, ela ia todos os dias à floresta em busca de lenha, lenha que ela recolhia e vendia no mercado para sustentar os filhos. Ewá, seu nome era Ewá e esse era seu trabalho, ia ao bosque com seus filhos todo dia. Uma vez, os três estavam no bosque, entretidos, quando Ewá percebeu que se perdera. Por mais e mais foram os três se embrenhando na floresta.  As duas crianças começaram a reclamar de fome, de sede e de cansaço. Quanto mais andavam, maior era a sede, maior era a fome. As crianças já não podiam andar e clamavam à mãe por água. Ewá procurava e não achava nenhuma fonte, nenhum riacho, nenhuma poça d’água. Os filhos já morriam de sede e Ewá se desesperava. Ewá implorou aos deuses, pediu a Olodumaré. Ela deitou-se junto aos filhos moribundos e, ali onde se encontrava, Ewá transformou-se numa nascente d’água. Jorrou da fonte água cristalina e fresca e as crianças beberam dela. E a água matou a sede das crianças. E os filhos de Ewá sobreviveram. Mataram a sede com a água de Ewá. A fonte continuou jorrando e as águas se juntaram e formaram uma lagoa. A lagoa extravasou e as águas mais adiante originaram um novo rio. Era o rio Ewá, o Odô Ewá.

CARACTERÍSTICAS DO ORIXÁ EWÁ 
Dia da semana – sábado
Domínios – beleza, vidência, criatividade
Cores – vermelho vivo, amarelo, coral, rosa
Contas – vermelhas de cristal ou amarelo rajado de vermelho e azul, búzios e corais
Símbolos – calabá (cetro), ejó (cobra) e espada, ofá (lança e arpão)
Metais – ouro, prata, cobre
Elementos – florestas, céu rosado, astros, estrelas, água de rios e lagoas
Comidas – milho com côco, batata doce, canjiquinha, banana da terra inteira feita com azeite de dendê e com farofa do mesmo azeite
Ervas – cana-do-brejo, folha de Santa Luzia, oju oro, osibatá, carrapicho, arrozinho, mutamba
Animais – sabiá
Pedras – rubi, quartzo-rosa
Atribuições – limpa o ambiente, traz harmonia, alegria e beleza
Saudação – Ri ro Ewá!

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