sábado, 23 de junho de 2012

A MUDANÇA DE SEXO E O AFRICANISMO


Antes de começar gostaria de deixar claro que ao escrever esta matéria não é minha intenção ofender a ninguém, mas sim buscar esclarecimento para as minhas dúvidas, e acredito, de alguns blogueiros.
O Batuque do Rio Grande do Sul passou por muitas dificuldades durante décadas, chegando ao século XXI e a modernização dos templos. A religião Africana é a única no mundo que aceita adeptos de todos os níveis culturais, étnicos, sociais e de opções sexuais. Nessa questão sempre houve ressalva principalmente na questão do uso de axós (vestes rituais) pois homens devem vestir calças e mulheres saias independente da opção sexual pois entende-se que por uma questão de respeito ao Orixá, mesmo homens filhos de Orixás mulheres e mulheres filhas de Orixás homens, as vestes devem respeitar o sexo da pessoa. Mas hoje estamos na área da diversidade sexual e da mudança de sexo, o que traz junto muitas dúvidas em relação a procedimento e conduta dentro dos rituais. Por exemplo: mulheres não cortam para o Orixá Lodê, pois este ritual seria específico para homens. Outro exemplo: no cassum (balança) para o Bará (realizados em alguns lados cultuados no RS) só devem participar homens. Já as obrigações para Oiá Timboá deveriam ser feitas somente por mulheres. Na questão da roda os homens deveriam estar de calças e as mulheres de saias. Minhas perguntas são as seguintes: um filho de santo que fez a mudança de sexo, passando então a ser mulher ainda assim pode participar dos rituais específicos para homens? A partir dai deve ser permitido que ele use saia nos rituais inclusive na roda? Pois sabe-se que a pessoa muda o sexo mas não muda o nome de imediato, então ele passa a ser ela mas com o nome de homem. Como ficam as obrigações dessa pessoa já que ele foi iniciado e ou pronto na condição masculina? Essa obrigação ainda deve pertencer a essa pessoa? Ao permitirmos que um filho que fez a mudança de sexo use saia, e não permitir que uma filha lésbica use calça, estaremos sendo justos? Quando iniciamos um filho o apresentamos ao seu Orixá com um nome e um sexo. Quando há mudança tanto de sexo quanto de nome como fica essa pessoa perante o seu Orixá? Se um Pai de Santo dono do Templo já em governo corta para os seus Orixás Lodê (Lodê é referência aos Orixás assentados na rua) e faz a mudança de sexo ele ainda poderá cortar para esses Orixás? Tenho recebido convites com a seguinte ressalva: "Os homens devem trajar axós masculinos e as mulheres com axós femininos". Se na maioria das casas não e permitido que homens entrem na roda com roupas femininas e vice-versa, como se deve proceder ao receber uma pessoa que fez mudança de sexo? Ao escrever esta matéria minha intenção é de busca de esclarecimento junto a sociedade Africanista. Hoje temos varias associações, federações que tem como intuito defender e manter a religião Africana dentro dos seus segredos e rituais ancestrais, mas, acho que é chegada a hora de criarmos um fórum de debates para que sejam discutidos esse novo momento da religião, até para que não se cometam erros e injustiças referentes aos fatos que aqui citei, pois entendo que a religião Africana nunca teve preconceito com relação a opção sexual de seus adeptos. E que cada um tem o direito de ter a sua opção sexual bem como de fazer a cirurgia hoje intitulada de correção sexual, e acredito que assim como eu, muitos Pais e Mães de Santo tem essas mesmas dúvidas, e somente nos unindo poderemos encontrar as respostas corretas.


Para entrar em contato com pai Guilherme d'Bará ligue para o fone 53 84352242 ou pelo email 
buzionline@hotmail.com

Um comentário:

  1. Eu acredito que em alguns casos o individuo vem ao mundo fisico com um ara (corpo) diferente do seu genero, e a adequacão deve ser feita, para os afro-descendentes o respeito pela adequacão de genero deveria ser a maior, afinal para o individuo poder estar adequado a sua orientacão sexual não é uma opção sexual, mas se adequar ao seu genero.
    E outro ponto a saber que o òrìsà não possui preconceito, pois ele sabe quem é seu filho, respeita seu filho e se escolheu ser o preotetor dele, ele sabia da sua vida e saberia que ele entraria no processo de adequação de genero e nem por isso ele se recusou ser iniciado para aquele filho, da mesma forma que o òrìsà não é feito no sexo do filho e sim na cabeça dele, os conceitos de roupas e vestimentas são formalidade que sacerdoteis inteligentes poderão resolver facilmente.

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