quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

AS NAÇÕES


Quando os africanos chegaram à América nos meados de 1549 e 1850, por meio do tráfico negreiro, trouxeram suas tradições culturais e religiosas de várias partes daquele continente. Para continuar cultuando seus Orixás e manter a tradição religiosa tiveram que realinhar os cultos, aproveitando as influências dos diversos grupos étnicos: Yorubá, Fon, Ewe, Mahi, Banto, etc.
Para o negro, que era tirado de sua terra natal e trazido ao novo continente sem a família, sem nome e sem pátria, restou a convivência com vários grupos étnicos, vindos de várias tribos africanas que tinham diferentes idiomas e crenças. Esse intercâmbio de culturas entre os escravos fez nascer aqui uma nova religião, que apesar de sofrer grandes transformações e ser proibida pelos senhores, conseguiu sobreviver e se desenvolver. Os ritos de iniciação, os cânticos originais e o culto aos antepassados foram mantidos, preservando diversas tradições da religiosidade africana. Com o passar do tempo os cultos foram se transformando e se subdividindo, mantendo mais ou menos fidelidade às suas origens. Além da contribuição com seus rituais religiosos, os negros contribuíram também com a música, dança, alimentação, língua e outras manifestações culturais como o samba, capoeira, etc.
Os principais tipos de Nações trazidas ao Brasil foram: Rebolô, Angola, Mina, Cabinda, Quiloa, Congo, Benguela, Monjolo, Keto, e Jeje.
Dentre estas, algumas se destacam:
A Nação Keto é formada pelo povo Yorubá. É um antigo reino africano: situava-se onde hoje se encontram a República Popular do Benim e a Nigéria. É também o nome dado ao povo que aqui chegou como escravo, vindo dessa região. Foram responsáveis pela implantação da maioria dos terreiros na Bahia dando origem à maior e mais popular nação do Candomblé. A sua diferença das outras nações está no idioma utilizado, o Yorubá, no toque de seus atabaques, nas cores e símbolos dos Orixás e nas cantigas. Seus fundamentos são passados oralmente e os seus rituais mais conhecidos são: Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum e Axexê. Tem grande influência sobre as outras Nações, que incorporaram algumas práticas e rituais. Tem como subgrupos: Efá e Ijexá ou Batuque, no Rio Grande do Sul e Mina-Nagô no Maranhão.
A Nação Banto ou Angola é formada pelos povos de Congo e Angola (Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos) e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a língua Kimbundo e Kikongo. O candomblé Angola é facilmente reconhecido pela forma diferente de dançar, cantar e tocar os atabaques. Diferentemente da hierarquia Keto, no candomblé Angola o cargo mais importante pertence ao homem Tata Nkisi e à mulher Mametu Nkisi que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás. Esta Nação incorporou os Orixás iorubanos, mas utilizando nomes relacionados aos “Inkices”, que são as divindades Banto. É fundamental também o culto aos Caboclos, espíritos dos nativos brasileiros. Zambi é o Deus supremo.
A Nação Jeje ou Mina-Jeje é formada pelos povos Ewe e Fon (idioma Fon) e tem como berço o Reino de Dahomé. Esses povos formam o candomblé Jeje. Desembarcaram por aqui, a princípio, em São Luis, no Maranhão onde o ritual é conhecido como Tambor de Mina. Na Bahia, em Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo também há o ritual Jeje. Para a Nação Jeje, suas divindades chamam-se “Voduns”, cujo Deus Supremo é Mawu, tradição herdada dos povos Ewe-Fon. Foram chamados “jeje” (estrangeiros) pelo povo Nagô.
Diz a mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa e que ambos são filhos de Nanâ Buruku, a grande mãe criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa era o Sol, que fez sua morada no leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existiam quatorze destes deuses, que eram sete pares de gêmeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé, os Fons.

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