sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O BATUQUE NO RIO GRANDE DO SUL


Quando falamos sobre o Rio Grande do Sul, é comum que as pessoas logo façam referência à significativa influência que a colonização de alemães, italianos, poloneses e outros europeus teve na história desse lugar. Apesar de correta, esta referência acaba por homogeneizar a cultura gaúcha, deixando em segundo plano, a grande contribuição que os negros tiveram não só na economia, mas como também em outras práticas culturais e religiosas do lugar.
Entre outras marcas fazemos menção especial sobre o batuque, uma prática religiosa que floresceu entre a queda da indústria do charque e a chegada de escravos ao ambiente urbano da capital Porto Alegre. Nos meados do século XIX, esse deslocamento fez com que vários negros tivessem mais tempo para desenvolver suas práticas religiosas. Mediante as possibilidades de desenvolvimento de uma fé própria, o Estado logo foi se transformando em espaço para diversos cultos de influência africana.

Além das religiões afro mais conhecidas, a região sul particularizou-se na história das religiões brasileiras com o surgimento do batuque. O desenvolvimento dessa crença acontece em templos que levam o nome de “casa de batuque”. Cada uma delas se organiza sob a liderança de um sacerdote que assume a condição de pai ou mãe de santo. Tendo ampla autoridade em seu templo, os sacerdotes das casas de batuque costumam criar uma rede de relações ao visitarem seus templos.
Não tendo interesse em sua ampla disseminação, os praticantes do batuque guardam a crença para que seus inimigos não tomem conhecimento desse seu dote místico. Ao se filiar a uma casa de batuque, o convertido se aproxima dos dois orixás que guiam a sua vida, sendo que um é responsável pelo corpo e outro pela mente. Assim como em outras religiões, o batuqueiro tem a preocupação de realizar oferendas e homenagens aos orixás que o protegem.
As oferendas desenvolvidas no batuque exigem o oferecimento de alimentos e de sangue animal, que geralmente é derramado na cabeça do praticante e no ocutá (uma espécie de pedra que representa o orixá). Do ponto de vista simbólico, essa ação busca alimentar os orixás, para que, assim, eles estejam fortes o suficiente para proteger os seus filhos humanos.
Esse é apenas um dos eventos que acontecem nas cerimônias do batuque. Primeiramente, os praticantes reservam um dia para o serão, que envolve o sacrifício dos animais e a preparação dos alimentos que compõem a cerimônia. No sábado, uma grande reunião é feita para que os alimentos sejam consumidos em grupo. Na outra semana, a mesma preparação é feita com o sacrifício de peixes e a evocação de cânticos entoados ao som dos tambores.
Entre os ritos que singularizam o batuque, a chamada “balança” estabelece o transe de vários praticantes que incorporam as divindades. Nesse instante, o possuído muda o seu comportamento ao realizar danças que fazem clara referência aos mitos que determinam o orixá representado. Antes somente praticado por negros, o batuque hoje se mostra presente entre brancos e pessoas oriundas de classes sociais mais abastadas.
Importante símbolo de nossa diversidade, o batuque gaúcho veio a incorporar outras influências locais, ao determinar que alguns orixás se alimentem de pratos típicos, como a polenta, o mieró e o churrasco. Mais curioso ainda, é ver que os batuqueiros homens utilizam a bombacha como uniforme. De fato, o batuque assimila vários ícones que extrapolam os elementos de origem ou significação africana.
A grande presença de despachos e lojas que comercializam materiais ritualísticos afro-brasileiros mostra um conflito na sociedade rio-grandense. Afinal de contas, o desconhecimento de tais práticas estabelece um esforço para que o batuque seja dizimado e, ao mesmo tempo, expõe a resistência dos grupos que se valem dessa proteção espiritual. Talvez seja por tal razão que o compositor Caetano Veloso recentemente compôs um verso dizendo que “a verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

IEMANJÁ -- MÃE DO MUNDO


Yemanjá é a mãe sagrada, a mulher que dá origem à humanidade, a mãe do mundo. Yemanjá incorpora todos os valores da mulher, mas torna-se sagrada ao assumir o papel de mãe, principalmente quando admitimos que o conceito de mãe, definido pela cultura, é muito mais complexo do que se supõe. Mãe não é simplesmente, a mulher que pare, a que cria os filhos, que alimenta e dá carinho, mas é a mulher sacralizada, aquela que une os filhos pelos laços da consangüinidade e que, ao mesmo tempo, os separa pelas regras que a cultura, às vezes mais forte do que o sangue. 
Yemanjá é a imagem do próprio oceano, imenso e infinito a separar os continente, a separar a humanidade, mas também o elo fundamental que uniu a África e o Novo Mundo na mesma fé, a fé nos Orixás. 
Yemanjá é a mãe do mundo, mundo que ela mesma povoou e alimentou. Afigura da Grande Mãe está presente em todas as culturas bem como os aspectos sagrados que a caracterizam, dos seios de Yemanjá jorraram todos os rios do mundo, o sustento da humanidade. Ela é a mãe de todas as cabeças, a mestra, que nos oferece equilíbrio e discernimento, Yemanjá faz com que cada cabeça, isto é, cada ser humano seja único, diferente, mas por outro lado, nos iguala na intensidade de seu amor, pois não pode mensurar o amor de uma mãe, apenas senti-lo, forte, intenso, imenso. Apesar de no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as sua saudações oriquis e cantigas remetem a essa origem. A saudação Odò-Iyá, por exemplo, significa, mãe do rio, á a saudação Eérú-Iyá faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá. 
Yemanjá a Deusa mais festejada, a mais amada, reverenciar Yemanjá é ter a certeza de possuir uma mãe protetora sempre atenta aos passos de seus filhos.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AS IYABAS


Ìyáàgba - Ìyãgba - mãe adulta, matrona, matriarca 



Ìyà - mãe
Àgba - adulto, pessoa mais velha, maturidade. 



Iabás, são todos os orixás femininos ligados à água, numa clara referência à concepção, à gestação, à vida!
Na mitologia dos orixás, que guarda o saber ancestral dos povos de origem iorubá trazido pelas religiões africanas, a mulher está representada pelas iabás, os orixás femininos. Sua gênese e histórias estão contadas nos mitos que os escravos vindos da África para cá, transmitiram oralmente. 
O saber das Iabás cria outras formas de organização da vida e do mundo. 
As Iabás representam a feminilidade e, por conhecer a memória dos corpos, transmitem suas histórias, afetos e conflitos.
Elas guardam em seu ventre um poder que ninguém, senão elas mesmas, possuem. O segredo de todas as mulheres:
o poder de gerar e dar vida a outros seres. Exercem também o poder da criação, conquista, multiplicação, luta e transformação.
O elemento água é comum a todas as iabás. O estado no qual ela se apresenta na natureza caracteriza o
temperamento de cada uma delas. A água fertiliza a terra, a faz produtiva, penetra nas plantas e corre nas suas veias como sangue. A água proporciona que as plantas dêem seus frutos que alimentam o homem. Transforma a terra seca em terra criativa e criadeira. Não apenas lhe dá vida, mas preserva-a, uma vez que o homem foi gestado na água do ventre da mãe. O sangue que corre em suas veias é composto de grande quantidade de água.
Assim como a água, o amor em suas diferentes manifestações, alimenta a alma, dá-lhe vida, preserva-a e transformaa.
Como um elemento fluido, é condutor poderoso da alma humana para muitas direções, bem como está presente em todos os momentos da vida como elemento de vital importância. 
O estudo da mitologia das iabás pode trazer uma reflexão sobre como viver e experimentar os sentimentos nos diferentes momentos da vida que, tal qual a água, apresentam vários estados. É possível à mulher viver e cultuar suas deusas interiores, as iabás, da quais descendem e da quais herdam a feminilidade em suas variadas nuanças e cores, sabendo que seu eu é sagrado e deve ser vivido e cultuado na sua totalidade. 
Nas iabás um pouco de todas as mulheres e muito das várias mulheres que habitam uma mulher! 

Omi Odò Iyá! Mãe da água que corre!
Omi Odò Ìyá! Sirìre! Mãe da água que corre! Abra-me seu caminho!
Ora Yèyé ô! Vossa benevolência mãezinha!
Eparrei Lo Oya! Tua á vida, Oyá!
Epayèyô, Iansã! Mãe da vida, Iansã!
Exó! Obá Sire! Gentileza! Obá, prepare o caminho!
Riró! Encontro a doçura!
Salubá! Encontrei-te, velha rabujenta! 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O MONARCA DOS ORIXÁS AJUDARÁ NAS FINANÇAS

Regência da Semana: XANGÔ AGÒDÒ 21/01/2013
O Monarca dos Orixás te deixará determinado e competitivo. Ajudará nas finanças e papéis. Modere o orgulho.
Simbologia:
Xangô Agòdò é representado pelo Odó nlá (grande pilão). Dia: terça-feira, excelente para justiça.
Oferenda:
Amalá de carne de peito com ervas.
Cores:
Vermelho e branco que simbolizam paixão e atraem virilidade.
Características do Orixá:
Xangô Agòdò é enérgico e irreverente. Para os yorubás, Agòdò é Senhor do pilão, porque senta-se em um grande trono de madeira em forma de pilão. Usa méji osé (dois machados de lâminas duplas) e o sèrè (xeré - chocalho feito de cabaça). Sua saudação é: "Kawòó Kábíyèsi!"
Axés & Magias:
Os filhos de Xangô Agòdò são imbuídos de senso de justiça e sinceridade. Eles são conscientes do seu valor, enfrentam os desafios com bravura, prazer e com o propósito único de vitória.
Magia de Xangô Agòdò para gamação:
Forre uma gamela com folhas de mamono. Pegue um casal de bonecos de pano e escreva o nome da mulher na boneca feminina e o nome do homem no boneco masculino e coloque-os em cima das folhas, na gamela. Corte 1 kg de quiabo bem fininho e misture com açúcar cristal e azeite de oliva. Bata com as mãos, cubra os bonecos e arrie debaixo de uma árvore frondosa, pedindo com fé a Xangô Agòdò.
SIMPATIA DA SEMANA : PARA REACENDER A PAIXÃO
Se o seu relacionamento está um marasmo, pegue uma bala de coco e uma pimenta malagueta e embrulhe-as juntas em um papel vermelho dizendo: "A bala é para adoçar, a pimenta é para esquentar e o vermelho é para encantar". Enterre o embrulho num jardim. Faça com fé e aproveite!

PRECE A OXUM (homenagem à Rodrigo, que assim seja a tua vida)

Ora ie ieu Oxum, Salve dourada senhora Da pele de ouro! Benditas são suas águas, e essas mesmas águas lavam meu ser e me livram do mal. Oxum, Divina Rainha, bela Orixá, venha a mim, caminhando na Lua Cheia. Traga, mãe, em suas mãos, os lírios do amor e da paz. Torna-me doce, sedutora, suave, como és. Mamãe Oxum, me proteja, Orixá. Faça que o amor seja constante em minha vida Que eu possa amar a tudo o que existe. Me proteja contra as mandingas e feitiçarias. Daí a mim o néctar de sua doçura e que eu consiga o que desejo Mãe do ouro, da beleza e do amor, Senhora do mais puro Axé, valei-me hoje e sempre. Aie ieu Oxum!

sábado, 19 de janeiro de 2013

BATUQUE


Etimologia

A palavra "batuque" se originou da palavra "batukajé", um termo bantu, numa referência ao bater dos tambores típico das cerimônias da religião.

[editar]História

A estruturação do batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878, (Jornal do Comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as notícias relativas ao batuque datam da segunda metade do século XIX, quando ocorreu a migração de escravos e ex-escravos da região de Pelotas e Rio Grande para a capital. Lembrando sempre que a língua usada é a iorubá. Cabe enfatizar e esclarecer que o batuque não é um segmento do candomblé baiano, muito ao contrário, tendo liturgia e fundamentos próprios, nada semelhantes ao candomblé.
Os rituais do batuque seguem fundamentos, principalmente, das raízes da nação Ijexá, proveniente da Nigéria e dá lastro a outras nações como os jejes do Daomé, hoje Benim,Cabinda (enclave Angolano), Oyó e Nagô, da região da Nigéria.
O batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil. Tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais representantes do batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É da junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como batuque. Os nomes mais expressivos da antiguidade e de tempos atuais que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a continuidade dos rituais, foram:

Cantando para os Orixás
  • Nagô — Imbrain de Oyá (SERGS), Volni de Ogun, Enio Gonçalves de Ogun, Leda Feijó de Oxum, Norma Feijó de Xangô, João Pinho de Xangô, João Cunha de Xangô, Veleda de Bará Adague, Arminda de Xapanã, Vó Lúcia , Zé Coelho de Odé, Professor Lino Soares de Odé, Albertina de Bará, Vó Diva de Odé, Vô Lourenço de Odé, Gersom de Oxalá, Eurico de Olufonjàyé (I.A.N.O), entre outros.
  • Ijexá — Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), Jovita de Xangô; Miguela do Bará, Pai Idalino de Ogum, Estela de Yemanjá, Ondina de Xapanã, Ormira de Xangô, Pedro de Yemanjá,Pai Tuia de Bará,Pai Tita de Xangô; Menicio Lemos da Yemanjá Zeca Pinheiro de Xapanã, Mãe Rita de Xangô Aganju,entre outros.
  • Oyó — Mãe Emília de Oyá Lajá, princesa Africana , Pai Donga da Yemanjá, Mãe Gratulina de xapanã, Mãe "Pequena" de Obá, Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Nicola de Xangô, Mãe Moça de Oxum, Miguela de Xangô, Acimar de Xangô, Toninho de Xangô e Tim de Ogum, entre outros.
  • Jeje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho do Exú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, Pai Betinho de Xapanã, Zé da Saia do Sobô, Loreno do Ogum, Nica do Bará, Alzira de Xangô, Pai Pirica de Xangô;Mãe Dada de Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará; Pai Nelson de Xangô, Pai Vinícius de Oxalá, Pai Antônio de Bará entre outros.
  • Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká(considerado Rei da nação de Cabinda); Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, Pai Romário de Oxalá,Pai Didi de Xango Omi,Pai Enio da Oxum Miua,Pai Gabriel da Oxum,Mãe Marlene de Oxum, Pai Cleon de Oxalá, Paulo Tadeu do Xângo Toqui,Pai Jango de Xapanã, Pai Mário da Oxum, Pai Nazário do Bara,Mãe Magda de oxum, Pai Alberto de Xango,Pai Adão de Bará, Pai Vilmar de Oxalá, Pai Luiz Carlos de Oxum, Pai Nilton de Oxum, Pai Carlos de Aganjú, Pai Enrique de Oxala (Uruguay) entre outros.

[editar]Nações

  • Nação Oyo — se caracterizava principalmente pela ordem das rezas: primeiro, tocava-se para todos os orixás masculinos, depois para os femininos e finalizava-se com Oyá, Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, representando o rei e a rainha de Oyó) e dizem também que, ao final da cerimônia, os orixás carregavam a cabeça dos animais a eles sacrificados, já em estado de decomposição, na boca.

  • Kabina[1] — Embora por muitos anos consideraram haver uma ligação com a cultura banto, ela não cultua nkisis (divindades banto), mas sim Orixás Yorùbá, os mesmos de todas as três raízes do Batuque Afrosul, com acréscimo de algumas divindades como o Bará (Bará Legba), Zina e a Oyá (Oyá Dirã, Oyá Timboá). O culto da Cabinda está ligada ao ritual do culto ao grande Aláàfìn Òyó, que por sua vez está ligada diretamente ao culto dos Eguns, sabendo que o ritual de Egun teve inicio em Oyo. É comum encontrar do lado de fora da maioria dos templos da raiz Cabinda o assentamento do Baru Aláàfìn, conhecido por Kamuká, que está ligado diretamente ao Igbalé (casa dos mortos). Desta forma é a única vertente do Batuque Afrosul que conseguem manter os rituais de Ìbòrì e feitura quando ocorre o procedimento de um Arissum (ritual fúnebre), ou, quando é necessário dar procedência à preparação de um Lailẹ̀mí (morto), criando assim uma forte ligação com os antepassados e os rituais à Oríxá, sem que misturem os dois, pois esta é uma religião voltada exclusivamente à Orixá.
A Cabinda é considerada uma Raíz da Nação Batuque Afrosul, pois contém fatores que determinam uma ramificação, porem faltam elementos que caracterize uma nova nação dentro da própria nação Afrosul.[2]

  • Nação Jeje — assim como a Cabinda, adotou o panteão iorubá dos orixás, que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas de Jeje-Ijexá. Muitos sacerdotes da Nação Jeje do batuque desconhecem a palavra Vodun, embora se tenham relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descendentes de Pai Joãozinho do Bará (Esú By) são os que mantém firme as tradições desta nação, como o uso de agdavís em seus rituais (chamado "Jeje de pauzinhos"), o assentamento de Ogum semelhante ao do Vodun Gun no Daomé, e existência de pessoas iniciadas para Dan e Sogbo. As cerimônias se iniciam com a parte Jeje (com cânticos no dialeto fongbe) e a dança em pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lisa) e o toque com as "varinhas" e, depois, a parte iorubá, com as rezas tradicionais do batuque.

  • Nação Nagô — tem uma certa semelhança com o candomblé tanto nas cerimônias como nas características dos Orixás. Seu panteão é mais numeroso, em algumas casas este chega ao número de 19 Divindades e sua liturgia e dogmas se diferencia das demais nações, a exemplo seu sistema de enterramento/funeral, seu culto a Ancestralidade, seus ritos iniciativos, culinárias dentre outros. Seus adeptos costumam se vestir de branco e colocar pano de cabeça nas obrigações. Outra questão que a diferencia é no trato aos ritos iniciáticos. Este só acontece perante a manifestação sutil da divindade. Por fim nesta nação não existe nenhum tipo de Tabu que proiba ao iniciado saber da presença de sua divindade o que fez do nago uma nação dentro do batuque que utiliza-se de cargos, os mais corriqueiros (Ogan, Ekedi, Axogun, Pejigan, Yabasse, Yamoro, Babakekere, Yakekere). A fundamentação de Exu-Bará é realizada 3 dias antes da iniciação e dificilmente se assenta orixá adjunto. Na cidade de Pelotas o fundador da primeira Casa de Nagô denominada Sociedade Espiritualista Rio Grande do Sul, foi fundada por Ibrain Atalla Chefe (Ibrain de Oyá Mesan) em 29 de julho de 1950 em conjunto com o Instituto de Pesquisas e Praticas Espiritualistas de Paulo de Castro e Silva (localizado na rua Felix da Cunha nº 820). A SERGS atende até os dias de hoje, localizada no mesmo endereço de sua fundação Rua Lobo da Costa, 1535. O Instituto de Pesquisas e Práticas Espiritualistas segue hoje com o nome de Centro de Pesquisas e Práticas Espiritualstas (Ilê do Kilombo fundada em 12 de Abril de 1976.) tendo dirigente Kajaidé Sérgio de Yemojá Oguntê. Outra casa de tradição localizada nesta mesma cidade é a Casa de Nagô Oluorogbo dirigida pelo Kejàyé Eurico de Bàbá Olufon. Em Pelotas em registro pelas federações locais, existem 6 casas em atividade na liturgia nagô-yorubá, todas descendem da SERGS. A liturgia Nagô segue preceitos parecidos com da nação oyó que historicamente nesta cidade contou com apoio de Vó Lúcia de Xangô, escrava, negra, vinda de Oyó (nigéria). Sua descendencia ainda presente nesta cidade na figura de sua neta Lu Bojjis.

[editar]Crenças


Filhos de santo
O batuque é uma religião baseada no culto às divindades Africanas, principalmente as Yorùbá, chamados de Orixá em sua maioria ligadas a natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc. Seus rituais que envolvem paramentos que estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos [Igbá], onde são invocadas as vibrações de nossos orixás.
Todo ser humano nasce sob a influência de um orixá e, em sua vida, terá as vibrações e a proteção desse orixá ao qual está naturalmente vinculado e que rege seu destino. O orixá exige a dedicação de seu influenciado, sendo que este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um babalorixá ou ialorixá.
Há uma questão de ordem etimológica no termo "Pará": afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o batuque. Sabe-se que todo frequentador de terreiros chama, na verdade, o peji ou quarto-de-santo de "Pará" e não o ritual sagrado dos orixás, este sim o batuque. Essa questão já está dimensionada desde os anos 1950, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a religião africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
As religiões afro-brasileiras são relacionadas com a religião iorubá e outras religiões africanas e diferentes das religiões afro-caribenhas como a santeria e o vodu.

[editar]Orixás


Roupas da cor dos orixás e fios de contas
O culto, no batuque, é feito exclusivamente aos orixás, sendo Bará (Exu) o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, encontrando-se seu assentamento em todos os terreiros.
Os principais orixás cultuados no batuque são: BaráOgumOiá-IansãXangôIbejiOdé,OtimObaOsanhaXapanãOxumIemanjáOxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá). O panteão de Orixás varia de acordo com a nação.
No batuque, os espíritos de sacerdotes são chamados de egungun e constituem uma categoria à parte, pois são espíritos de seres humanos e, portanto, estão ligados à estrutura da sociedade.

[editar]Templos

No Rio Grande do Sul, a área de conservação das religiões africanas vai do litoral à fronteira com o Uruguai, com os dois grandes centros em Pelotas e Porto Alegre.

Festa batuque
No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são colocados os assentamentos dos orixás. Neste local, são feitos todos os fundamentos de imolações e trabalhos determinados e oferendas para os Orixás. O local é considerado sagrado, pessoas se vestem de preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto a esta parte da casa, chamada de peji, há também o salão onde são realizadas as festas para os orixás.
O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a maneira de cultuar os orixás. A construção dos templos segue a orientação de seussacerdotes.
Todos os orixás são montados com ferramentas, Otás (pedras) etc. e permanecem dentro da mesma casa, com exceção dos Orixás de Rua, que tem seus assentamentos numa casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios. A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais.
Em caso de falecimento do babalorixá ou ialorixá, o dono do terreiro, fica a critério da família o destino do templo. Geralmente, não havendo um familiar que possa suceder o morto, o templo é fechado. Na maioria dos casos, na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas num ritual específico chamado Sirrun, semelhante ao axexê do candomblé. Por este motivo, é muito difícil encontrar ilês (casas) com mais de 60 anos. São muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés a um sucessor para dar prosseguimento à raiz.

[editar]Rituais


Oferendas para os Orixás
Os rituais são próprios e originais e, embora tenham alguma semelhança com o "Xangô de Pernambuco", são muito diferentes dos do candomblé da Bahia.
Os rituais de jeje têm suas rezas próprias (fon). Ainda se vê este belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre. As danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há, também, muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó, que se aproxima muito do ijexá, já que estas duas provém de regiões próximas na Nigéria.
A principal característica do ritual do batuque é o fato de o iniciado não poder saber, em hipótese alguma, que foi possuído pelo seu orixá, sob pena de ficar louco. Na realidade o questionamento não está no problema da loucura, como consequencia e sim no fato de que ao saber que se ocupa ( o Orixá incorpora no filho de santo )a pessoa pode ceder a vaidade extrema e desta forma banalizar um princípio básico dos Orixás, que está na humildade e desapego material.
Cada babalorixá ou ialorixá tem autonomia na prática de seus rituais. Não existem nomenclaturas de cargos como há no candomblé. Os babalorixás exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigações.
No mínimo uma vez por ano, são feitas homenagens com toques para os orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro patas aos orixás: cabritos,cabrascarneirosporcosovelhas, acompanhados de aves como galosgalinhas e pombos.
Esta obrigação serve para homenagear o orixá "dono da casa" e dos filhos que ainda não possuem seu próprio templo. A data é, geralmente, a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá, a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que, antigamente, duravam 32 dias de obrigações. Hoje, diante das dificuldades, duram no máximo 16. O começo de tudo são as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida, são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por inteiro até o final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de matança), todos os orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.
No dia da festa, o salão é enfeitado com as cores dos orixás homenageados. A abertura se dá com a chamada invocação aos orixás, feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo), usando a sineta (adjá), saudando todos os orixás. Ao som dos tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas características.
No final das cerimônias, são distribuídos os mercados (bandejas contendo todo tipo de culinária dos orixás, como: acarajé, axoxó (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.). Alguns comem ali mesmo, outros levam para comer em casa.
Durante a semana, são feitos outros rituais de fundamentos para os orixás, inclusive a matança de peixe, que, para os batuqueiros, significa fartura e prosperidade. Os peixes oferecidos são da qualidade jundiá e pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto ou do mercado público, onde o comércio de artigos religiosos é intenso.
No sábado seguinte, é feito o encerramento das obrigações, com mesa de Ibejes e toque novamente em homenagem aos orixás. Neste dia, são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito, significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes das homenagens aos orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de obrigações ao rio, à igreja, ao mercado público e à casa de alguns sacerdotes que fazem parte da família religiosa, para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento; este passeio faz parte do cumprimento dos rituais. Após o passeio, todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas vidas.

[editar]Egun

No batuque, também temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns. Este é um ritual cheio de magia e segredos onde poucos sacerdotes têm o completo domínio.
A casa dos Eguns (espíritos dos mortos) fica numa construção separada da casa principal, nos fundos do terreno, onde são feitos diversas obrigações em determinadas datas e quando morre alguém ligado ao terreiro; este local é denominado Igbalé.
Aos Eguns, também são oferecidos sacrifícios de animais e comidas diversas que fazem parte somente deste ritual, não podendo ser usados em outras ocasiões.
Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias, feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e com o acompanhamento de agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas).
Cada nação tem rituais diferentes para este tipo de obrigação.

[editar]Sacerdócio

babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.
O sacerdote chefe deve passar aos futuros pais ou mães de santo, todos os segredos referente aos rituais, tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.
Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.
O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro sacerdote de orixás com menos de sete anos de feitura. Os ensinamentos são passados de acordo com a evolução da capacidade de aprendizado que o noviço tem. Os ensinamentos são feitos oralmente, não há livros para ensinar os rituais. A melhor maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.
A partir do momento que um noviço se torna um sacerdote de orixá, terá as mesmas responsabilidades daquele que lhe passou os ensinamentos.
Lembrando que, dentro da religião afro-brasileira, existem vários segmentos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MITO DA CRIAÇÃO YORUBA


Obatalá
Segundo a concepção yoruba , todo o processo de existência se desenvolve no plano físico – o aiye – e no sobrenatural – o orun.

Tudo o que se manifesta no aiye tem a sua pré-existencia no orun. Tudo o que existe no plano material possui o seu doble no Orun.
Dentro da tradição yoruba, a existência dinâmica se deve à manifestação de uma força que se denomina Ase. Sem Ase não haveria possibilidade de existência e realização, pois dele decorre todo o processo vital, como essência e forma. Tanto as divindades como toda entidade animada estão impregnadas de Ase.
Como força vital, Ase é plantado, cultivado, renovado e compartilhado. Como toda energia no Universo manifestado, Ase é gasto e renovado. Receber Ase significa incorporar as representações matérias e simbólicas que representam os princípios vitais de tudo que tem existência no aiye como reflexo do orun.
Ase , como força, é neutro, mas detém qualidades e caraterísticas dos elementos que contém e veicula. Ase é a energia contida numa grande variedade de substâncias representativas dos reinos animal, vegetal e mineral, que se propõe movimentar.
Os elementos portadores de ase podem ser agrupados em três categorias, chamadas “sangues” – porque o sangue é o veículo energético por excelência:
Sangue vermelho
Sangue branco
Sangue negro



Todas as cores encontradas na natureza vinculam-se, em última instância, a uma das cores primordiais vermelha ( amarelo, laranja) ou negra (verde, azul, lilás, cinzento). O amarelo é, portanto, uma variedade do vermelho, como o azul e o verde são variações do negro.
O sangue vermelho compreende:



No reino animal – todo tipo de sangue, humano e animal
No reino vegetal – azeite de dendê, ossun, mel
No reino mineral – cobre, bronze, ouro

O sangue branco compreende:
No reino animal – o plasma do igbin, o sêmen, a saliva, o hálito, as secreções, o marfim, os ossos
No reino vegetal – a água, o álcool contido nas bebidas brancas, a manteiga de ori, o inhame
No reino mineral - efun, sal, prata, chumbo, conchas



O sangue negro compreende:
No reino animal – as cinzas dos animais
No reino vegetal – a terra, sementes, o sumo das folhas , o waji
No reino mineral – o carvão, o ferro, as pedras



Alguns lugares, objetos ou partes do corpo humano podem ser impregnados de ase: a língua, o coração, as vísceras, os órgãos genitais, os dentes e ossos, assim como também as raízes, árvores, sementes, as pedras e cristais, os rios, o mar, as florestas e o fogo.
A prática da religião yoruba consiste em atuação através da manipulação dos ase branco, vermelho e negro.
Como dogma, baseia-se na fé numa Divindade Absoluta – Olodumare, na crença na existência e na sobrevivência da alma como sopro divino – emi, nas conseqüências das ações humanas – ewo, e na Lei moral ditada pela consciência de cada um, que permeia a vida cotidiana – ifa aya.

A criação do Planeta Terra

Segundo os Itan (mitos), corpo da tradição oral que norteia todas as crenças e procedimentos da religião yoruba, Olodumare convocou Obatala / Orisa nla para elaborar o planeta Terra dentro da dimensão física.
Durante a caminhada, Obatala encontrou Esu, que indagou sobre oferendas que deveriam ser feitas para a consecução do trabalho. Obatala não deu importância ao fato e, sedento, extrapolou no consumo de bebida alcoólica. Conseqüentemente, caiu em sono profundo e foi suplantado por Oduduwa, que, tomando os elementos necessários, saiu para efetuar a tarefa da criação da Terra.
O local onde o trabalho teve início denominou-se Ife (aquilo que é amplo) . Segundo a tradição, daí proveio o nome da cidade sagrada de Ile Ife.

Oduduwa

Segundo a tradição de alguns clãs yorubas, Oduduwa teria sido um herói proveniente de reinos do oriente que atravessou todo o Egito, chegando ao local onde viria a ser fundada a cidade de Ile Ife.
Ali encontrou a população local, os Igbo, cujo rei era Obatala. Logo encontrou oposição por parte de Oreluere, ancestral guardião, partidário de Obatala. Esta oposição política à investida de Oduduwa fez nascer a Sociedade Secreta Ogboni, presevadora da justiça e dos ideais implantados ns primeiras instituições da Terra.
Em território yoruba há controvérsia sobre a figura de Oduduwa, visto tanto como divindade masculina, como feminina, associada à antiga tradição das deusas da fertilidade. 
A controvérsia de mitos disputando entre Obatala e Oduduwa a criação da Terra revela dois momentos distintos que se complementam na memória política da civilização yoruba. Por uma lado, o mito da criação do planeta Terra e por outro, a incursão de povos estrangeiros que ali se mesclaram. 
Disto resultou que, embora rendam, fìsicamente, tributo à ancestralidade de Oduduwa, reconhecem em Obatala – já intitulado Orisa nla, o Grande Orisa – a divindade regente do planeta Terra.



Outros itan já trazem a seguinte versão sobre a criação da Terra:

“Munido de uma concha com terra, uma galinha e um pombo, Obatala jogou a terra sobre a imensidão das águas que cobriam o planeta e, em seguida, enviou a galinha e o pombo para espalhar a terra.
Tarefa cumprida, Obatala informou a Olodumare, que enviou agemo, o camaleão, à fim de conferir o trabalho.
Da primeira vez, agemo informou que a terra ainda não estava suficientemente seca para a missão pretendida. Na segunda inspeção, comunicou que tudo estava à contento”.
De toda forma, tendo sido privado de cumprir a missão de criar a Terra, tornando-a habitável no plano físico - ou complementando a obra da criação - Obatala convocou Oreluere para trazer e fazer encarnar os seres que já aguardavam no Orun para concretizar a sua existência material.
Fato inconteste é que , por fim, Obatala recebeu a incumbência de criar as características físicas dos corpos que deveriam abrigar os habitantes humanos do planeta.
Com barro e água, Obatala confeccionou os corpos, aguardando que Olodumare complementasse com o emi – o sopro da vida que os animaria.
Segundo os mitos, no início orun e aiye eram mundos interligados, até que houve uma ruptura – relatada através de várias versões, que, no entanto mantém a constante de que o humano transgrediu contra o Poder Supremo e uma barreira se levantou entre os dois mundos.



O privilégio desta livre comunicação foi cortado, sendo substituído pelo oráculo, legado por Orunmila.