E um dia o homem destruiu toda a natureza e os orixás força cósmicas que lhe davam proteção.
E lhe mostravam os melhores caminhos- morreram um a um, deixando o homem entregue á própria sorte.
E os Odus- destina desta mesma humanidade - deixaram a terra. em busca de um novo sistema para a criação de novos seres.
E o homem ou aquilo que restou dele. Sem Orixá sem os encantos, sem o axé vi-se também sem destino. E assim a raça humana sucumbiu. Fria, melancólica e definitivamente...
Ficção? Sim. Graças a Deus! Mas, se pensarmos friamente, se colocarmos de lado nosso medo do desconhecido, nossos pavores pelo fim do mundo, se fixar nossos pensamentos naquilo que acontece á nossa volta, veremos que o texto de ficção acima está bem próximo da verdade, uma verdade amarga.
Sei que perguntarão:- E o Orixá morre
Ao que responderei:- sim!
Outra pergunta poderá ser formulada:- como?
Bem, ai a resposta é mais de talhada. Peguemos como exemplo um rio, seja ele grande ou pequeno. Sabemos que o regente dos rios é Logun-Ede. Se aquele rio sofre com a poluição, aniquilando a vida animal e vegetal, tonando a água sem vida , sem oxigênio, aquele rio está morrendo. Ora, se o Orixá é a força da natureza, se o rio é uma força da natureza e se Logun-Ede é o rio, se o rio morre . NÃO . a força LOGUN-EDE, mas parte dela. Aquele rio é, na verdade Logun-Ede. Se ele deixar de viver, se é um rio morto, Logum-Edé também estará morto naquele local.
O Orixá morre, junto com a natureza agredida, morta.
Daí vem o pior: a lei da compensação. Tira-se uma parte da vida da natureza e logo adiante a natureza vem cobrar do próprio homem.
Toda vez que a natureza é agredida, mutilada, ela sempre cobra, de uma ou outra forma.
Se misturarmos ficção e realidade, num pensamento e análise lógicos, vamos ver que o próprio homem poderá dar fim a quase todos, senão, todos os Orixás que cultuamos no Brasil.
( Abro aqui um parênteses para avisar a determinados seguidores de igrejas eletrônicas que o fim dos Orixás é o fim da natureza, o fim da vida, conforme conhecemos. Portanto,não se anime, muito menos, se aventurem.)
Mas, voltamos ao assunto em pauta, analisando logicamente esta mistura de realidade e ficção, vamos nos deparar com resultados extremamente horrorosos, horrorosos, pois seria o fim da própria Natureza e, com ela, do Orixá, que tanto amamos, cultuamos e tentamos preservar.
Tudo aconteceria numa enorme reação em cadeia, relutando num confronto entre o bem, simbolizado pelos Orixás; o mal simbolizado pelas força negativas que habitam o Universo; e o homem, chave de ignição para o desencadeamento de todo esse processo de destruição.
Vamos, então levantar as possibilidades, relatando o fim de cada Orixá, nesse processo real/ fictício que narro: um cataclismo nuclear de grandes proporções, destruiria imediatamente a maior parte da vida animal e vegetal do mundo. Tornaria o homem doente, incapaz até de reproduzir-se (morre Bará, principio da vida)
Ogum permaneceria vivo, pois ele é o Deus da guerra, mas um dia chegaria em que o homem já não poderia mais lutar. ( morre OGUM, a força brava do homem ) com a vegetação destruída, não seria possível alimentar o homem e animais, não haveria mais a mesa farta, a abundância de alimentos (morrem Odé e Otim, que proporciona o alimento e caça, o axé ) com a morte do verde, da vegetação, os remédios feito á base de ervas não mais poderia ser produzidos. O candomblé e o Batuque, que nada faz sem as ervas, não poderia realizar seus rituais de hábito. (morre OSSÃE, médico e regente das ervas, o que não da o encantamento) o dinheiro, por sua vez, perderia o valor, pois já não existiria mais nada o que comprar e, sim disputar. (morre OXUMARÊ, senhor do dinheiro e da prosperidade ) A terra, contaminada pela irradiação nuclear, já não produz mais alimentos, não tem valor para o homem (morre Xapanã, senhor da terra )
Depois de uma grande guerra nuclear, sumiria da terra, também o senso de justiça que ainda existe nos homens. ( morre XANGÔ, Deus da justiça ) O vento já não traz o frescor, mas o ar quente, poluído pela irradiação ( morre IANSÃ, Senhora dos ventos ) Os rios, poluídos e sem vida, já não servem para mais nada. (morre LOGUN-EDE, regente dos rios ) com a água doce seriamente ameaçada, as cachoeira seria afetadas e o homem sofreria escassez da água até para beber, as mulheres, com o ventre fragilizado pelas doenças, já não conseguiria segurar o feto em seu útero (morre OXUM, deusa das águas doces e orixá da gestação ) Os mares já não proporcionariam mais o alimento necessário teriam poluído e ameaçados. Agoniza IEMANJÁ...breve a rainha dos mares também morrerá ) o espírito guerreiro do homem acabou, em seu lugar ficaria a desilusão e a tristeza. (morre OBÀ, a guerreira )
A chuva agora é outra. É de poeira nuclear, poluindo e matando o que resta, já não existiria mais beleza no mundo. ( morre EWÁ.) também Nanã, regente das tempestades, seria afetada e perderia parte de seus grande poderes, pântanos e chuva já não seriam os mesmos. (morre NANÃ.)
O tempo entra em paranóia, já não existiria estação do ano, situações climáticas normais. (morre TEMPO )
A alegria que existia no mundo acabou, com a grande catástrofe, já não se vê a alegria das crianças, já não se vêem as flores. (morre VUNGI, orixá da alegria )
O homem quer a paz, quer viver em paz, mas a grande guerra chegou, e com ela a destruição e de que adianta a paz, se nada mais existe se a guerra devastou tudo? O homem já não poderia ver o céu (morre OXALÁ, senhor da paz)
A nuvem espessa que cobre e esconde o azul do céu impede o homem de olhar para o infinito, de ver as estrelas, de se comunicar, de olhar para o céu e pedir ajuda ao seu criador. Isto já não é mais possível, pois a ignorância, a ganância, a psicopatia irreversível do homem, dele tudo tirou. Ele matou a natureza, matou os Orixás não consegue mais ver Deus no céu, já não vê Deus em si mesmo, morre a natureza morre o homem e tudo aquilo que Olorun criou com tanto amor.
Mórbido! Terrível ! Assustados ! Impossível ? Só o homem pode responder ! Ficção ou realidade ? Ficção e realidade !
Com todo o acontecido, os 16 Odus principais, seguidos de seus omo-odu, que não é costume dos Odus refazer coisas mortas não teriam mais o que fazer neste mundo, uma vez que não é costume dos Odus refazer coisas mortas, Partiriam, então, para outro sistema, para a criação de outros seres, de outras vidas, iniciando um novo ciclo vital, com a esperança de que este de certo. Talvez a terra não tenha sido a primeira. Acredito que não ! E certamente não será a última. Partiram, então,os Odus, para o trabalho de criar todo um sistema de vida em outro mundo. Pela segunda vez ou pela bilionésima vez.
Que pode dizer ao certo ?
Entramos na segunda deste capitulo, mostrando o que hoje ainda podemos chamar de ficção, embora saibamos que já existem inúmeros rios, lagoas, lagos, florestas, pântanos, areais, pedreira e tantas outras força naturais já sem vida. Olhamos para o que medrosamente chamadas de ficção e nos deparamos com o inicio de uma cruel e covarde realidade.
Cabe ao homem amar a natureza. Cabe ao homem amar a si próprio e não deixar que morram os Orixás, não deixar que os Odus partam, não deixar que o homem se transforme numa coisa sem personalidade, sem vida .
E VIVA OS ORIXÁS ! AXÉ !!!
Texto retirado pelo Babalorixá Guilherme D'Bará, do livro Os Orixás e o Segredo da Vida.
Autor Mario Cesar Barcellos
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