sábado, 6 de julho de 2019

OXUM E O TRONO DE SANGUE...

É interessante ver em Oxum que ela quebra o paradigma machista de quê mulher bonita teria que ser "superficial e burra", ela é o total oposto. Das Yabás, rainhas, a mente de Oxum é a mais astuta, a tirando de situações como essa...
Ijexá, reino da GLORIOSA Oxum. Chega um pombo branco ao palácio dourado da grande senhora avisando que o grande babá chegaria a seu reino para lhe visitar, e todos sabiam o quão grande era a honra de receber Oxalá. Ela se anima e de pronto já começa a organização de toda a festa de boas vindas.
Para recebê-lo o ouro que cobriam as paredes de seu palácio deveriam estar tão polido que se tornariam prata só em sua homenagem. A aldeia, casas e ruas limpas e enfeitadas. Ah, os convidados! Não poderia esquecer ninguém! Sua corte, aldeões, demais Orixás, falta alguém? Não!
Mas, faltava. Oxum muito atarefada convida todos, o que cria um falatório que ultrapassa Ijexá e chega aos ouvidos das Yamis ( espíritos das feiticeiras da floresta), essas que ensinaram à rainha grande parte de seus feitiços. Mas pera! Não foram convidadas! Sequer souberam pela boca dela, foram os boatos dos que passavam pelo seu reino amaldiçoado.
"Oxum é ingrata, lhe demos a magia e temos o desprezo. Vamos nos vingar daquela que se cobre de ouro na presença de Oxalá. Faremos ela chorar lágrimas de sangue!"
E eis o grande dia! Tambores, palmas e muita festa recebiam o pai do branco. Sob seu Alá o velho Oxalá carregava seu Opaxorô lentamente, como se tivesse toda a eternidade. Impressionado pisava nas ruas cobertas de folhas para que não sujasse os pés, ia trilhando o caminho até o templo de Oxum.
Lá, ao lado do trono dourado da rainha um trono branco. Forrado com os melhores panos e enfeitado de búzios e pedras preciosas. Oxalá se senta e a rainha ao seu lado, logo depois desse. Mas, ele levanta para uma saudação e ela em respeito tenta fazer o mesmo, mas só tenta. Ela força, se debate discretamente mas não sai do lugar, estava presa.
Oxum é muito fina sim, mas também muito determinada. Para não desrespeitar Oxalá ela usa toda sua força e se levanta, deixando a pele colocada no trono real e manchando seu vestido, o chão e o convidado com seu sangue vermelho. E Oxalá que abomina o que não é branco se ofende e se retira.
Triste, vai jogar com o babalaô que a avisa que essa fora obra das feiticeiras que enfeitiçaram-na. Ela então tem uma ideia e chama Oxalá novamente à sua presença, no mesmo local, lhe contando a verdade sobre o plano sujo contra ela. O rei se comove e chega perante ela e a poça de sangue que Oxum com um sopro faz se transformar em diversas penas vermelhas que se derrama em cima de Oxalá e seus súditos.
Oxalá reconhece a sabedoria e boa vontade de Oxum e a saúda como a grande rainha de Ijexá.





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