segunda-feira, 8 de julho de 2019

O QUE O SEU ORI DIZ AOS ORIXÁS?

Como estão as coisas por aí?


Por aqui estão bem. Consegui melhorar a limpeza da janela da minha alma e estou conseguindo compreender melhor como o universo funciona e como eu funciono dentro dele. Me sinto em progresso.

Claro que a gente cala e silencia quando percebe que o caminho à percorrer pode ser ainda  mais longo do que imaginávamos. Dá vontade de buscar a calma e sentar diante do mar e ficar olhando a imensidão do oceano enquanto a gente vê o tempo passar através do ir e vir das ondas...

São nesses momentos que o medo sempre aparece, mesmo sem ser convidado, pra nos lembrar que o fracasso é uma possibilidade. E quando isso acontece, a gente agora que cultua Ori, deixa esse tipo de pensamento passar e chama para a nossa cabeça, lembranças que nos façam bem e que são capazes de nos lembrar das nossas vitórias.

Não estamos em busca da perfeição, estamos em busca de algo possível, queremos ser melhores todos os dias apenas. Não somente para nós mesmos, como para a nossa família, amigos e comunidade.

Isso também é cultuar Ori.

Para quem está em busca das respostas de como cultuar Ori, este texto possivelmente é um dos mais importante que eu já li até hoje, mas se tu continuas batendo na mesma tecla, acreditando que os Orixás vão conseguir te ajudar/salvar sem a tua real ajuda, este texto não vai ajudar em nada.

Não adianta tu saberes todos os segredos de um Orixá, falar iorubá com fluência, saber trabalhos, fundamentos, guias, dias, ebós, comidas que agradam ou se tu te comunicas com ele através do Ifá ou de sonhos… Não adianta. Tu pode até abrir a porta da tua vida para ele entrar e agir na tua existência, mas se o teu Ori não consentir, já era…

Quem acompanha o meu blog sabe que eu já escrevi isso algumas vezes.

Escutei uma vez de uma senhora, há uns 25 anos atrás, num tom rebelde e de indignação, logo após um Orixá inteiro no mundo, ter lhe falado sobre Ori, o seguinte comentário:

- Esse negócio de Ori! Que coisa mais idiota. Meu negócio é meu pai Xangô e pronto! É ele que é o dono dessa cabeça aqui e acabou. Não é meu filho?

Eu dei um beijo nela e mudei de assunto. Sabe por quê? Por que aquela senhora cultuava Xangô há mais de 35 anos como o senhor único e absoluto da vida dela. Ela tinha mais de 65 anos e não era uma pessoa que estudou muito. Tu achas que ia adiantar eu falar para ela que ela estava errada? O Ori dela não aceita mais outra verdade.

Caso tu aí, que está lendo, me diga que também só cultua Orixá, vou te dizer com respeito e carinho: Teu Orixá só age na tua vida através do Ori e com a permissão dele, ou seja, quem cultua Orixá, sem cultuar Ori, perde muito tempo de vida.

Digo isto sem medo algum. Digo como uma pessoa de Orixá, batalhadora, que cultuou Orixá por mais de 20 anos sem conhecer de fato Ori, e viu as coisas acontecerem a pequeninos passos. Ao conhecer a existência de Ori, e ao aprender de fato como cultuá-lo, comecei a viver cem anos em um ano apenas, e principalmente comecei a dar passos mais largos, seguros e firmes sobre aiyé, sabendo que o que eu faço tem a raiz profunda e não é qualquer um que derruba não.

A escolha é minha.
A escolha é sua.

O que eu queria mesmo era pegar na mão de cada um, olhar no fundo do olho e ter uma longa e deliciosa conversa, com café e tortas, só para ter certeza de que não ficou nenhuma dúvida, e que tu vais conseguir potencializar a ação do Orixá na tua vida.

Mas como?

Vamos lá, que eu gosto é de contar história, e da forma como escrevi esta, bem descontraída e de simples compreensão, acredito que você vai levar para a tua vida para sempre e vais refletir a respeito.

Lúcia e Gilberto são filhos de dona Carmen, professora de matemática e do seu Carlos, gerente do banco. Seu Carlos é um homem preguiçoso, que reclama do trabalho, mulherengo, machista e sem responsabilidades financeiras, mas com um bom coração. Dona Carmen já era  mulher de poucas palavras, amarga e nada feliz com a vida conjugal.

Os filhos sempre viam sua mãe chorar quando estavam a sós com ela. Dona Carmen sempre repetia:

- Meus filhos, casamento é uma droga, curtam a sua liberdade enquanto podem.

Já o seu Carlos, não parecia se importar com nada. Estava sempre cercado de amigos e gastando o dinheiro que não tinha, sem dar muita atenção para dona Carmen.

Ambos cresceram neste ambiente familiar, e tendo seus pais como MODELO e referência de casamento.

Muitos anos se passaram. Lúcia é um sucesso em sua profissão, tem uma vida financeira estável, já viajou o Brasil inteiro com as amigas, mas.. não casou. Não que ela tenha que se casar por uma pressão da sociedade, mas porque ela quer dividir a vida com alguém, como uma decisão própria. Só tem um problema, todas as vezes quando o relacionamento está querendo ficar sério BANG! Algo acontece.
 
Logo a Lúcia, Iyawo e devota de Oxum.

Lá se vai Lúcia, mais uma vez para os pés de mamãe, levar rosas e choramingar a sua falta de sorte no amor…

Oxum escutou todas as vezes que Lúcia foi até ela e se compadeceu. Viu todas as suas lágrimas que foram derramadas devido a má sorte no amor. Boa filha e devota exemplar. Não falta a um Xirê. Sofre porque quer ter sua própria família, que ela jura de pés juntos, que vai ser diferente da família que ela cresceu.

Enquanto isso no orun…

     - Toc Toc!
     - Quem é? -  Pergunta Ori.
     - Sou eu, Oxum.

Ori abre a porta feliz para Oxum.
 
     - Mo jubá minha mãe. A senhora por aqui novamente? Que honra! Do que vamos falar desta vez? Qual é a benção que a senhora quer dar à Lúcia? - Pergunta Ori desconfiado.

     - Quero abençoar minha filha com um bom Axé no amor.
     - Só um minuto grande Mãe. - Diz Ori com uma voz cética.
    - Grande Ìyámi Àkókó, mil desculpas, mas ainda não será possível. A Lúcia ainda acredita que casamento é uma droga e que ela tem que aproveitar a vida! A grande verdade é que ela não quer ser como a mãe dela.
     - Mas como Ori? Você está variando? Ela está infeliz e me pede um caminho melhor no amor todo santo dia!!!  - Diz Oxum, já indignada!
    - Lamento Ìyá, mas já tentamos isso outras vezes, e ela sempre sabota os relacionamentos, pois ainda acredita de fato, que o casamento não é uma boa como sua mãe lhe dizia e como ela viu acontecer durante toda a sua infância, dentro de sua casa.  Ela lhe pede uma coisa, mas suas atitudes não compactuam com o que ela lhe pede, mesmo que nem ela mesma perceba. Ela não acredita que o casamento possa ser bom na vida das pessoas.

Oxum, respira forte e tenta se acalmar. Com toda graciosidade ela pergunta mais uma vez:
 
     - O que eu faço então Ori? Para ajudar minha  amada filha?
    - Grande Oxum, mãe cultuada e amada por muitos.  Me desculpe a franqueza, mas agora a senhora não pode fazer nada. Ela não tem que rezar para a senhora primeiro, ela tem que cultuar a mim, onde guardo todas as suas crenças que regem todas as suas atitudes, mesmo que inconscientemente. Ela precisa vir até mim fazer as alterações dos registros e renovar o cadastro de crenças.
     - Mas como ela fará isso Ori?
     - Conhecendo a si mesma. Cultuando a mim diariamente e através de Bori.

 
Foi aí que Oxum assentiu com a cabeça e foi embora.

Ao mesmo tempo que acontecia isso na vida de Lúcia, uma história semelhante acontecia com Gilberto, irmão de Lúcia e filho de Ogum.

Gilberto, o caçula, é um cara bacana, mas nunca levou à vida muito sério. Não estudou com determinação, ainda não terminou a faculdade, trabalha em um emprego medíocre, não parava  com uma namorada. Henrique pede para seu pai Ogun prosperidade para ter um bom emprego e por mais dinheiro.

Assim como Oxum, Ogum também tentou resolver o problema do filho, que apesar de tudo, era um bom devoto. Ogum bateu na porta da casa de Ori e foi recebido com festa. Mas Ori disse a ele:

     - Grande Alakaaye, como conseguiu a prosperidade em sua vida, quando esteve no aiye?
     - Trabalhando e sendo a cada dia um melhor estrategista e guerreiro. - Respondeu Ogun com orgulho.
     - Seu filho quer ter prosperidade através de um milagre, ele é preguiçoso como o pai, mas acredita que ser trabalhador é simplesmente ir para o trabalho todos os dias. Não depende do senhor que ele tenha prosperidade. Disse Ori com muito respeito ao grande Olo Egbé Odé.

Assim como Oxum, Ogum assentiu e se foi.

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O nosso Ori não é composto apenas de memórias registradas em nosso subconsciente e consciente. Ori é MUITO mais complexo do que isso.

Quando pedimos para que Ori seja nosso amigo, também estamos pedindo para que as nossas crenças estejam de acordo com os nossos objetivos.

Essa parte só pode ser reprogramada através do autoconhecimento e isso pode mudar a história da sua vida, como vem mudando a minha e de todos aqueles que estão de fato dispostos a cutucar todas as feridas, crenças, modelos, traumas e o nome que você queira dar a essa programação individual que cada um temos.

Essa é a solução final dos nossos problemas?

Se não nos faltar disposição, atitude, disciplina e paciência. Pode ser que sim. Caso contrário, é um grande passo rumo aos nossos sonhos e desejos.

Qual é a tua relação com o dinheiro? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?
Qual é a tua relação com o trabalho? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?
Qual é a tua relação com o amor? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?
Qual é a tua relação com a felicidade? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?
Qual é a tua relação com os amigos? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?
O que é ser amada(o)? E quais foram os modelos que tu adotou para ti?

Tu te conhece em todos esses pontos?
O que o teu Ori tem dito aos Orixás quando eles vêm te abençoar?

Esta é a nossa caminhada, da vida toda de trabalho, com contas para pagar e responsabilidades para honrar, nós fazemos tudo isso junto ao nosso Ori. Os Orixás são como ferramentas que vão nos auxiliar nessa caminhada.

Quando tu te conheces, tu muda a tua história. Quando tu te conheces e te propõe a ser uma pessoa melhor, tu assina um contrato vitalício com a felicidade.

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