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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
MESA DOS IBEJÊS E FESTADO PEIXE - ENCERRAMENTO
Mesa de Ibêjes: No sábado, após o por do sol, é realizada a cerimônia dedicada aos Ibêjes, e desta, fazem parte grande número de crianças. Estende-se uma toalha no centro do salão e coloca-se ali: doces de toda qualidade, inclusive doces de calda, arroz de leite, doce de abóbora, doce de batata doce, sagu, ambrusia, doce de coco, bolos, tortas, balas, pirulitos, bombons, um amalá, uma vela grande vermelha e branca, um bouquê de flores, as quartinhas de Oxum e Xangô, mel. Primeiramente é servido a canja feito com as aves sacrificadas para os ibêjes, e em seguida os doces. Ao som de "rezas" (axés", cantigas) que fazem parte desta obrigação, as crianças sentam-se no chão ao redor da toalha, e são servidas em número múltiplos de 6 (12,24,etc.). As crianças de colo vão acompanhadas, e mulheres grávidas também sentam-se a mesa, depois de da canja, são servidos doces e refrigerantes; distribui-se brinquedos. Nesta obrigação sempre "descem" alguns Orixás, principalmente Xangô e Oxum. Ao terminar de comer, as crianças recebem uma colher de mel, um gole de água, suas mãos são lavadas e enxugadas, levantam-se, dão voltas na mesa, ao som do alujá de xangô, enquanto é recolhido o que sobrou na "mesa" para ser colocado no peji. Os orixás são "despachados" e ficam em axerô (erê), brincam com as crianças, cantam, dançam etc... e é encerrada esta parte da obrigação. O pessoal descansa um pouco, pois logo em seguida começará o batuque de encerramento das obrigações.
Festa Do Peixe ou "Terminação"
È uma cerimônia semelhante a primeira festa realizada no sábado anterior. Porém, desta vez não teremos a obrigação da "balança". A obrigação se inicia pela "chamada" dos Orixás à porta do "quarto de santo". Depois começam as "rezas" (cantos) para Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, guando termina o axé de Xapanã despacha-se o "ecó" (conforme descrito antes) e da Oxum, Iemanja e Oxalá. Os Ibêjes, já foram homenageados anteriormente na "mesa de Ibêjes". Se tiver entregas de axés (axé de facas e axé de búzios), a cerimônia é feita após o axé da Oxum, estes graus de investidura são entregues somente aos "filhos" que tenham "aprontamento completo" e que gozem de confiança do "pai ou mãe de santo", e a partir daí estão aptos para se tornarem, também, babalorixas ou Ialorixas. Num determinado momento do axé do pai Oxalá, estende-se o Alá, no "salão"; sob este pano branco, as pessoas dão uma volta na "roda"(de dança) para obter as bênçãos do orixá. Terminado o axé de Oxalá, é feito uma obrigação, na qual os Orixás Ogum e Iansã, simulam uma bebedeira e o combate de espada entre si, para lembrar a "passagem" (história oral) em que Iansã, legitima esposa de Ogum, embebeda o Orixá para fugir com Xangô. Na dramatização do fato incluem-se a Adaga de Ogum e a Espada de Iansã, para simulação da luta, e garrafas contento "Atã" (uma bebida ritualisticamente preparada para o Orixá Ogum) , que os dois Orixás simulam beber , e Ogum acaba ficando "bêbado", dando margem para traição de Iansã.
Terminada a "festa", há distribuição dos "mercados", as comidas rituais preparadas para os Orixás; neste é obrigado ter peixe junto com outras iguarias como: acarajé, frutas, pipoca, polenta, etc.... Estes alimentos são condicionados em bandejas descartáveis e enroladas em papel de embrulho, para que as pessoas levem para suas casas a energia dos orixás, contidas nas "comidas". É bom deixar bem claro que nem todos os terreiros e casa de nação tenham um segmento único, cada um tem seu particular ritual e as diferenças existem, cada um faz de acordo com que aprendeu na sua raiz. As idéias contidas nestes textos, não são para porem a público os segredos dos rituais, pois tudo que está escrito não representa um quinto das obrigações feitas nos terreiros, a cada passo de uma obrigação de festa ou de matança envolve inúmeros afazeres que se fossemos escrever daria um livro de proporção enorme, já que nossos fundamentos são passados de forma oral, não teria por que expor os segredos, o conteúdo deste site, no entanto serve para os interessados na cultura africana, conhecerem um pouco do nosso batuque praticado no sul do Brasil. Para formar um Babalorixá ou uma Ialorixá, leva-se muitos anos, não seria estas poucas linhas o todo de nossa religião,. Não sou fanático pela, porém, amo demais os Orixás, tenho consciência de seus poderes, e vou fazer o que puder para a preservação do culto, com as bênçãos de Oxalá.
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