sábado, 31 de março de 2012

LENDAS DO SENHOR DAS PESTES



Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã que ficara do lado de fora. Ogum pergunta porque o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças. Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele. E com eles o vento de Iansã que levanta a palha do filá que Ogum tinha lhe feito, e, para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.
Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapanã não quer mais dançar com ninguém.
Em recompensa pelo gesto de Iançã, Xapanã da a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Xapanã declarou que só dançaria sozinho!

Xapanã, originário de Tepa, leva seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas armas ficava cega, surda ou manca, Xapanã chega ao território de Mahi no norte do Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo que encontra a sua frente.
Os Mahis foram consultar um Babalaô e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar xapanã. O Babalaô diz que eles deveriam trata-lo com pipocas, amendoim torrado, feijão preto e milho torrado, que isso iria tranquilizá-lo, e foi o que aconteceu. Xapanã tornou-se dócil. Xapanã, contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê. O Mahi prosperou e tudo se acalmou. Xapanã continua até hoje sendo saudado como rei de Nupê e pai em Empê.

XAPANÃ GANHA O SEGREDO DA PESTE NA PARTILHA DOS PODERES

Olodumarê um dia decidiu distribuir seus bens.
Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos repartissem entre si as riquezas do mundo. Ogum, Bará, Xangô, e os outros Orixás deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na terra.
Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor para Xapanã. Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco-iris; levaram a chuva, os campos cultivados, os rios.
Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi a peste. Ao voltar, nada encontrou Xapanã para si, a não ser a peste, que ninguém quisera.
Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Orumilá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o dos outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.
Um dia,  uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola. O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos os Orixás, mas, nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos. O povo foi consultar Orumilá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado por ter sido passado para traz pelos irmãos. Orumilá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.
Tinha sido esta a sua única herança. Todos pediram proteção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida, Xapanã então era respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

XAPANÃ GANHA PÉROLAS DE IEMANJÁ

Xapanã foi salvo por Iemanjá quando sua mãe, Nanã Buruku, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia.
Iemanjá recolheu Xapanã e o lavou com a água do mar, o sal da água secou as suas feridas, Xapanã tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola.
Iemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia, e com ela ele escondia as marcas de suas doenças, ele era um homem poderoso, andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro, ora de cura, ora de saúde, ora de doença. Mas continuava sendo um rapaz pobre.
Iemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo. Ela pensou:
"Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que ele seja sempre um homem pobre". Ficou imaginando quais riquezas, poderia dar a ele.
Iemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos,as conchas, os corais, tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olocum, e ela dera tudo a Iemanjá.
Iemanjá resolveu então ver suas jóias, tinha algumas, mas, enfeitava-se mesmo era com algas, ela enfeitava-se com a água do mar, vestia-se de espuma, ela adorava-se com o reflexo de Oxu, a lua.
Mas Iemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela. Iemanjá, muito contente com sua lembrança, chamou Xapanã e lhe disse:
"De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas".
Por isso as pérolas pertencem a Xapanã, por baixo de sua roupa de palha da costa, enfeitando o seu corpo marcado de chagas, Xapanã ostenta colares e mais colares de pérolas, belíssimos colares.

Para entrar em contato com pai Guilherme d'Bará ligue para o fone 53 84352242 ou pelo email buzionline@hotmail.com 

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