domingo, 18 de março de 2012

ESTE TEXTO É DEDICADO AOS MEUS GUERREIROS DA LUZ (EM ORDEM DE FEITURA) RONALDO D'OGUM ONIRA, GILSON D'OGUM ADIOLÁ, LUIZ GUSTAVO D'OGUM ADIOLÁ, SIONE D'OGUM OLOBEDÉ E JOÃO CARLOS D'OGUM ADIOLÁ, À ELES E AOS SEUS ORIXÁS O MEU OGUNHÊ... PATACORÍ OGUM

Foi não há muito tempo atrás, que esta história aconteceu. Contada aqui de uma forma romanceada, mas que trás em sua essência, uma verdadeira mensagem para os africanistas ...
Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os pelos de corpo. Realmente o sol tinha se escondido nesse dia, e a lua, tímida, teimava em não iluminar com seus encantadores raios, brilhosos como fios de prata, a morada dos Orixás.
Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das "Guerras", saiu do alto ponto onde guarda todos os caminhos, e dirigiu-se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a cantar e os seres aquáticos agitaram-se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e corajoso.
Iemanjá, ao ver o filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe "coruja" quando revê um filho que à tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua eterna morada dentro do coração:
- Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! você podia vir mais vezes visitar sua mãe, não é mesmo? - ralhou Iemanjá, com aquele típico de contrariedade.
- Desculpe, sabe, ando meio ocupado... - Respondeu um triste Ogum.
- Mas, o que aconteceu? Sinto que estás triste.
- É, vim até aqui para "desabafar" com você "mãezinha". Estou cansado. Estou cansado de muitas coisas que os humanos fazem em meu nome. Estou cansado do que eles fazem com a "Espada da Lei" que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito cansado das "supostas" demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um deles... Estou muito cansado...
Ogum retirou seu elmo, e por detrás de seu lindo capacete, um rosto belo e de traços fortes pode ser visto. Ele chorava. Chorava uma dor que carregava a tempos. Chorava, por ser tão mal compreendido pelos filhos africanistas. Chorava, por ninguém entender, que se ele era daquele jeito, protetor e austero, era por que em seu peito a chama da compaixão brilhava. E, se existe, um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum. Ele daria a própria vida, por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos seus filhos de cabeça. Não! Ogum amava a humanidade, amava a vida...
Mas infelizmente suas atribuições não eram realmente entendidas. As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas do ego,  e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não viam nele a potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de trevas na alma de todos. Não viam em sua lança, a direção que aponta para o autoconhecimento, para a iluminação interna e eterna.
Não! Infelizmente ele era entendido como o "Orixá da Guerra", u, homem impiedoso que utiliza-se de sua espada para resolver qualquer situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos africanistas e umbandistas esquecer dos trabalhos de assistência à espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura, esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer religião, para apenas realizarem " quebras e cortes" de demandas, muitas das quais nem mesmo existem, ou quando existem, muitas vezes são apenas reflexos do próprio estado de espírito de cada um. E mais, normalmente, tudo isso torna-se uma guerra de vaidade, um show "pirotécnico" de forças ocultas. Muita "espada, muito "tridente, muitas "armas", pouco coração, pensamento elevado e crescimento espiritual.
Isso magoava Ogum. Como magoava...
- Ah, filhos de todas as religiões, porque vocês esquecem que todas as religiões ligadas ao espiritismo são pura e simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre protege o justo, o correto, aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Olorum. Porque esquecem que a esquecem que a espada da lei só pode ser manuseada pela mão direita do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberbia , do poder transitório, da ira, da ilusão, transformando-na em apenas mais uma espada semeadora de tormentos e destruição...
Então, Ogum começou a retirar dua armadura, que representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que este Orixá traz para a nossa vida. E totalmente nu ficou à frente de Iemanjá. Cravou sua espada no solo. Não queria mais lutar, não daquele jeito. Estava cansado...
Logo um estrondo foi ouvido, e, o querido, mas também temido Xapanã apareceu. E por incrível que pareça, o mesmo aconteceu. Ele não aguentava mais ser visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia, como ele, o guardião da vida podia ser invocado para atentar contra ela. Magoava-se por sua alfange da morte, que é o princípio que tudo destrói, para que então a mudança e a renovação aconteçam, ser tão temida e mal compreendida pelos homens.
Mas o mais incrível estava por acontecer. Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite. E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo,  começarem também a despir suas vestimentas sagradas, além de deixarem aos pés de Iemanjá suas armas e ferramentas simbólicas...
Faziam isso em respeito a Ogum e Xapanã, dois Orixás muito mal compreendidos pelos africanistas. Faziam isso por si próprios. Iansã queria que as pessoas entendessem  que seus ventos sagrados são o sopro de Olorum, que espalha as sementes de luz do seu amor. 
Odé queria ser reverenciado como aquele que, com flechas douradas do conhecimento, rasga as trevas da ignorância.
Xangô Agodô apagou seu fogo encantador, afinal, ninguém lembrava da chama que intensifica a fé e a espiritualidade. Apenas daquele que devora e destrói. Os vícios dos outros, é claro...
Um a um, todos foram despindo-se e pensando o quanto os seus filhos na terra compreendiam erroneamente os Orixás.
Iemanjá, totalmente surpresa e sem reação, não sabia o que fazer. Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente. Era Bará, o controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava para a reunião.
Mas o Bará , estava muito diferente dr como normalmente apresentava-se. Andava curvado, como se segurando um grande peso nas costas. Tinha na face, a expressão do cansaço, mas, mesmo assim, gargalhava muito. Ele nunca perdia o senso de humor!
E  o Bará  também repetia aquilo que todos os Orixás foram fazer na casa de Iemanjá. Despiu-se de tudo, Bará, sem dúvida, era o que mais razão tinha de ali estar. Inúmeros, eram os absurdos cometidos pelas pessoas em nome dele. Sem contar o preconceito, que o próprio africanista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando-o à figura do Diabo:
- Terrível esta situação- falo o Bará. - Hahaha, lamentável isso tudo, hahaha..lamentável.- O Bará chorava, mas, continuava a sorrir. Essa era a natureza dele...

Iemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas nem mesmo a encantadora "Rainha do Mar" sabia o que fazer...
- Esperem! - pensou Iemanjá. - Oxalá, Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver a situação.
E logo Iemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei entre os Orixás. Oxalá apresentou-se na frente de todos. trazia o seu opaxorô, o cajado que sustenta o mundo. Cravou ele na terra, ao lado da espada de Ogum. Também despiu-se de sua roupa sagrada, para igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do Orum:
- Olorum, manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos e filhos queridos! Ele diz para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem, aqueles que assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de sérios e puros trabalhadores nesse às vezes triste, mas, abençoado planeta Terra.Esses verdadeiros filhos de fé que lutam por uma religião séria, sem os absurdos que por aí acontecem. Esses que muito além de "apenas" prestarem o socorro espiritual, plantam a semente dentro do coração de milhares de pessoas. Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais, realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também, milhões no astral, construindo verdadeiras "bases de luz", na crosta, onde a espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que realmente nos compreendem e buscam-nos dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro Orum reside e existe. Esses incríveis filhos do africanismo, que não colocam as responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende exclusivamente deles mesmos. Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil... pelo mundo, que honram e enchem a religião de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e sorrir... A Umbanda...
Quando Oxalá calou-se os Orixás estavam mudados. Todos eles tinham suas esperanças recuperadas, realmente viam que se poucos os compreendiam, grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui a algum tempo, muitos outros juntariam-se nesse ideal. E aquilo alegrou-os tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras formas, que são de luzes fulgurantes e indescritíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade.
Em Aruanda, os caboclos, preto-velhos e crianças, o mesmo fizeram. Largaram tudo, também se despiram e manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos Orixás. Na terra baianos, marinheiros, boiadeiros, ciganos e todos os povos de Umbanda, sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam seus abnegados e difíceis trabalhos. Uma alegria e bem-aventurança incríveis invadiram os seus corações. Largaram as armas. Apenas sorriam e abraçavam-se. O alto os abençoava...
Mas, uma ação dos Orixás, nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos. E lá, no baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados pelas luzes deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-Giras, naquele dia foram tocados pelo amor dos Orixás, e com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de lutas insaciáveis pela luz. Miríades de espíritos foram retirados do baixo-astral, e pela vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao criador.
E na terra toda a humanidade foi abençoada. Aos tolos que pensam que os Orixás pertencem à uma única religião ou a um povo ou tradição, um alerta. Os Orixás amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente. Aquela noite que tinha tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou-se benção na vida de todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as diferenças de paz e luz deram as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orum, a morada celestial dos Orixás.
Vocês, africanistas, pensem bem! Não transformem a religião em um campo de guerra, onde os Orixás são vistos como "armas" para vocês acertarem suas contas terrenas. Muito menos se esqueçam do amor e compaixão, chaves de acesso ao mistério de qualquer um deles. Religião é simples, é puro sentimento, alegria e razão...
Lembrem-se disso. E quanto a todos aqueles, que lutam por uma religião séria, esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem-se das palavras de Oxalá ditas linhas acima: Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem por aqueles que não tem olhos para verem o brilho da verdadeira espiritualidade. Lembrem-se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança. A todos que lutam pelas religiões africanas nessa terra de Orixás, esse texto é dedicado.
Honre-los.

Sejam luz, assim como eles!
Epa babá.
Axé à todos que por aqui passarem...



















2 comentários:

  1. Que lindas as tuas palavras, Pai, querido! Muito Axé para ti, nosso Ylê e todos que nele passarem...

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  2. com o corpo todo arrepiado e com lagrimas nus olhos !
    kero agradecer ´por tudo q foi espessado nesste texto liindo
    com certeza inspirado por um espirito de luz!!
    sou marcos henrique filho de Xangô da gloriosa nação Angoleira!
    axe a vcs irmãos!

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