sexta-feira, 10 de novembro de 2017

MARIA MULAMBO

A lenda conta que Maria Mulambo nasceu em berço de luxo, seus pais coordenavam um pequeno reinado, mas não chegam a ser Reis.
Maria sempre foi muito bonita e delicada, cheia de trejeitos e sempre foi chamada de Princesinha, devido a sua beleza.
Quando tinha 15 anos, foi pedida em casamento pelo filho do rei, o príncipe tinha 40 anos.
Foi um casamento sem amor, o grande objetivo dos pais era juntar as fortunas e montar assim um grande reino.
Os anos se passavam e Maria não engravidava, mas o reino precisava de um sucessor ao trono.
Além de maria estar amargurada pois se casou contra vontade, ainda era chamada de árvore que não dava frutos, pois não tinha filhos. Mas, Maria era uma mulher que apesar de tudo isso, praticava sempre a caridade, indo ao povoado e ajudando os necessitados e Doentes..
Em uma dessas ida ao povoado, conheceu um rapaz, “Foi amor à primeira vista”. Esse rapaz era viúvo e tinha três filhos e era somente dois anos mais velho que Maria.
Nenhum dos dois tinha coragem de assumir esse amor.
O Rei morreu, O Príncipe foi Coroado e Maria se tornou a Rainha daquele pequeno País.
O Povo amava Maria. No dia de sua coroação, os súditos não tinham o que lhe dar de presente, então fizeram um tapete de flores para Maria passar por cima.
Ela ficou muito emocionada. Seu marido, Agora Rei, estava com muita inveja, então trancou Maria no quarto e lhe deu uma surra de pontapés e socos. Bastava ele Beber e as agressões se repetiam.
Mesmo Machucada, Maria não deixou de ir ao povoado praticar caridade, num desses dias de visita, O amado de Maria a viu com tantas marcas, propôs à ela que fugissem.
Combinaram tudo…
Os pais do rapaz tomariam conta das crianças até que  a situação se acalmasse. Eles fugiram e Maria deixou tudo para trás, levando apenas a roupa do corpo.
O Rei no princípio mandou procura-la, mas desistiu.
Maria agora não se vestia de roupas luxuosas e sim com roupas velhas e feia, pareciam MULAMBOS. Mas estava muito feliz.
Maria engravidou… a notícia correu todo povoado e chegou aos ouvidos do rei, desesperado, sabendo que ele é que não poderia ter filhos (Para um rei, isso seria impossível). Ele precisava limpar seu nome.
Mandou seus soldados prenderem Maria, que agora já era chamada de Maria Mulambo.
Ordenou aos Guardas que amarrassem duas pedras nos pés de Maria e a Jogassem no fundo do Rio.
Ninguém soube do acontecido, Porém 7 dias depois de sua morte, começou a nascer flores no rio onde ela foi jogada. Os peixes, que eram habitantes naquele local, chegavam a pular fora d’água.
Seu amado desconfiou de tudo e mergulhou no rio em busca de seu corpo e o encontrou.
Mesmo depois de estar tanto tempo dentro do rio, o corpo estava intacto, parecia que ia voltar à vida, Os mulambos que Maria vestia quando foi jogada no rio já não existiam.
Maria gora estava coberta de jóias e um lindo vestido de rainha.
Velaram seu copo em uma cerimonia digna de rainha.
O Rei enlouqueceu.
Seu amado nunca mais se casou, na espera de reencontrar Maria.
No dia que ele morreu, reencontrou Maria, O Céu se fez azul e teve inicio à primavera.
assim a conhecemos hoje como Maria Mulambo, até hoje invocada para casos de amores impossíveis.
Laroyê Maria Mulambo!

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

ORIENTAÇÃO PARA CELEBRAÇÕES NO CEMITÉRIO...



Ao sai de sua casa evite usar jóias e bijuterias em demasia.Vá apenas com o necessário,como relógio,aliança de compromisso,por exemplo.
Ao chegar no cemitério antes de passar pelo portão principal,diga...Alupô sr Bará de licença.
Ao passar pelo primeiro túmulo preto a sua esquerda, peça licença a Exu CAVEIRA para homenagear as almas.
No cruzeiro central da calunga, pedir licença para o Exu Tranca Rua das Almas.
Vá ao local desejado,procurando não olhar fotos,muito menos tecer comentários impróprios para o momento. Respeito,lisura,honradez é fundamental.
Procure não deixar pertences,panos ou outra material pessoais no local.
Ao sair quando se aproximar do portão ,vire-se de frente para dentro e de um passo de costas em direção a rua ,sempre com os olhos abertos.
Após ter dado um passo a trás em direção a rua,vire-se e siga o caminho.
Se possível passe em uma igreja e faça orações, se poder mande rezar uma missa.
Se possível passe por dentro de uma feira pública,mercado , etc.Não é necessário comprar nada, apenas passeie pelo local.
Vá para sua casa, evitando passar em casa de parentes, amigos, principalmente se for adepto da religião espirita umbandista ou africanista, pois poderá transmitir uma carga negativa, ou larvas deixando o ambiente ou pessoas contaminadas. Por isso procure ir para sua casa.
Ao chegar em sua residência, retire toda a sua roupa,ponha a lavar, se não fizer a lavagem em seguida ,deixe de molho.
Tome um banho utilizando sabão da costa, sabão de coco ou sabão grosso, geralmente de cor amarelada.
Após esse banho, seque-se de maneira normal.Coloque um pouco de perfume de sua preferência no alto da cabeça.
Se possível como alguma coisa doce.
Esqueça o passado e siga sua rotina.

1ª SITUAÇÃO
Se você ficar impressionada (o) com alguma situação ou não conseguir se desprender do que ocorreu durante os momentos que você esteve no cemitério, faça o seguinte:
 Pegue pétalas de 8 rosas brancas.
Faça uma infusão com água fervente na quantidade que você possa lavar seu rosto com água abundante.
Após acrescentar as pétalas na água fervente,deixe em infusão por 4 horas.
Lave o rosto com as duas mãos,sempre com os olhos bem abertos.
Deixe a água escorrer pelo ralo do banheiro,ou despeje ela fora de casa.
Ás pétalas devem ser enroladas em um papel limpo e despachadas em um verde fora do alcance dos seus olhos por 3 dias ,ou seja que você nem seus parentes passem pelo local até 3 dias.

2ª SITUAÇÃO:
Se você for receber a visita de alguém que sabidamente veio de um funeral,ou do cemitério,faça o seguinte:
Coloque em um copo,podendo ser de plástico,7 pedras de carvão. Complete o resto do copo com sal grosso e coloque na entrada da casa.
Procure colocar de maneira discreta para não criar constrangimento.
Após sete dias despachar em um canto de rua,ou seja em um canto da encruzilhada.

Para essa mesma situação você pode preparar um saquinho branco contendo cinza vegetal limpa, ou seja cinza de lareira ou de fogão a lenha.
Da mesma forma da anterior,coloque de maneira discreta na entrada.
Despache em um verdinho,grama.

O DERRADEIRO ENCONTRO COM IKU



Mo Jubá!!!
Nenhum sofrimento na terra, e talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração, regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio. Ver a névoa da morte estampar-se inexorável, na fisionomia dos que mais amamos e, cerra-lhes para sempre os olhos ,no adeus indescritível. É como despedaçar a própria alma e continuar vivendo.
Que digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um filhinho, transfigurado em anjo da agonia. Um esposo que se despede procurando debalde mover os lábios mudos. Uma companheira cujas mãos consagradas a ternura,pendem extintas.Um amigo que tomba desfalecente para não mais se erguer.
Um semblante materno acostumado a abençoar e que nada mais consegue exprimir a não ser a dor da extrema separação , através da última lágrima.
Falem aqueles que um dia se inclinaram, esmagados de solidão, à frente de um túmulo.
Os que se jogaram em preces nas cinzas que recobre derradeira recordação dos entes inesquecíveis.
Os que caíram,varados de saudade,carregando no seio,o esquife dos próprios sonhos.
E os que tatearam,gemendo,a louça imóvel , e,aqueles ainda que soluçaram de angústia,no ádito dos próprios pensamentos,perguntando em vão pela presença dos que partiram.
Todavia,nesse momento em que romarias são feitas na data de dois de novembro ,relembrando semelhante provação que lhe bateu a porta,...reprima o desespero e dilua a corrente de mágoa na fonte viva da oração,pois as gotas do seu pranto lhe amargaria a alma como chuva de fel. Enquanto que ,as suas preces acariciaram a alma que segue ,como uma mão de criança acariciando o rosto de um avô.
Tranquiliza,deste modo,os companheiros que demandam o além , rezando e suportando corajosamente a despedida temporária,e , honra-lhes a memória,abraçando com nobreza os deveres que te legaram.
Recorda que ,em futuro mais próximo que imaginas , respirarás entre eles,comungando-lhes as necessidades e os problemas, por quando terminarás , também,a própria viagem no mar das provas redentoras e vencendo para sempre o terror da morte.
Caminhante, que Obatala lhe abençoe e lhe guie,nos laços que nos unem agora e pela eternidade,fraternalmente.
Que o Obatala ilumine e esclareça.
Ou jafusi Inanga.


terça-feira, 31 de outubro de 2017

IKU, O REI DOS MORTOS


Ikú, a Morte é um Orixá, designado por Olodumare para uma função derradeira. Existem e são raríssimas, pessoas de Ikú que, evidentemente, não são iniciadas, cumprem normalmente seu destino e tem funções específicas num Ilê Axé.
Oyekú Mejí é primeiro caminho à terra, quando o Odú Oyekú Mejí chegou à Terra, a morte ainda não existia. Orixá Ikú (morte) nasce nesse caminho para cumprir sua função na Terra, Opirá. (FIM).
Oyekú Meji representa essencialmente a Morte, a profunda escuridão, representa também o lado esquerdo, o este e o princípio feminino.
Ikú vem buscar a pessoa no dia derradeiro e esteja nas condições que estiver, para levá-la de volta ao interior da terra, ao ventre de Nanã.
Ikú cumpre rigorosamente sua função e somente aqueles que conhecem os omo-odús de Oyekú Mejí, poderá conversar com a morte, e por um breve tempo. Somente através do Imolê Exú e num determinado Odú é e que se faz oferendas a Ikú, estabelecendo pactos e acordos com Ikú para adiar e afastar a morte, aliado aos bons ebós.
Pai Ramão dizia que: a troca pela vida, através de oferendas, é o ponto central do culto aos Orixás, a vida, nada mais é, que a mais valiosa de todas as trocas e também a mais cara.
As trocas não são eternas, chegará o dia que Ikú terá que cumprir sua função e ainda exigirá oferendas, para garantir que só levará apenas um. Há casos famosos de zeladores que depois de mortos, Ikú voltou algumas vezes para cobrar sua oferenda e não encontrando levava seus filhos, acabando muitas vezes, com a casa de candomblé.
Com Ikú não se brinca, quando Ikú chega o nosso Orixá não está mais conosco, sabe que já cumpriu sua função e somente Orí acompanha a pessoa até o fim.
Axé.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

ORIXÁ iKU É O ÚNICO QUE INCORPORA EM TODOS OS HUMANOS. A MORTE SOBRE O PONTO DE VISTA AFRICANISTA.



Diziam os mais velhos que Olodumare, o Deus maior, determinou que Obatalá criasse os homens para que eles povoassem o Ayê – esse nosso mundo visível. Não foi em um ato de misericórdia ou amor que o Deus determinou que o ser humano fosse criado; Olodumare fez isso em um momento de vaidade, do qual em algumas ocasiões arrependeu-se amargamente.
Obatalá, para criar os homens, os moldou a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de Nanã, a venerável Orixá que tomava conta daquele barro. Os seres humanos, depois de moldados, recebiam o emi – sopro da vida – e vinham para a terra; aqui viviam, amavam, geravam novos homens, plantavam, colhiam, se divertiam e cultuavam as divindades.
Aconteceu, porém, que o barro do qual Obatalá moldava os homens foi acabando. Em breve não haveria a matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos. Os casais não poderiam ter filhos e a terra mergulharia na tristeza trazida pela esterilidade. A questão foi levada a Olodumare.
Ciente do dilema da criação, Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o caso. Como ninguém pensasse uma solução, e diante do risco da interrupção do processo de criação dos homens, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo. Depois de certo tempo vivendo no Ayê, os homens deveriam ser desfeitos, retornando à matéria original, para que novos homens podessem, com parte da matéria restituída, ser moldados.
Resolvido o dilema, restava saber de quem seria a função de tirar dos homens o sopro da vida e conduzi-los de volta ao todo primordial – tarefa necessária para que outros homens viessem ao mundo.
Obatalá esquivou-se da tarefa. Vários outros Orixás argumentaram que seria extremamente difícil reconduzir os homens ao barro original, privando-os do convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até então calado, ofereceu-se para cumprir o designo do Deus maior. Olodumare abençoou Iku. A partir daquele momento, com a aquiescência de Olodumare, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o ciclo da criação.
Desde então, Iku vem todos os dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado, para que, com aquela matéria, outros homens possam ser feitos – condição imposta para a renovação da existência. Dizem que, ao ver a restituição dos homens ao barro, Nanã chora. Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de outros homens.
Iku é, desde então, o único Orixá que tem a honra de baixar na cabeça de todas as pessoas que um dia passaram pelo Ayê. É por isso que no Arissum, o ritual fúnebre que celebra, prepara e comemora a volta dos homens ao todo primordial, prestam-se homenagens a Iku – com cantos de júbilo e louvação que, mais que a morte, reafirmam o mistério maior; a possibilidade de outras e outras vidas.
Assim diziam os mais velhos, que jamais vestiam luto, em sua infinita sapiência.
  
Olodumare Axé.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

IKU: O Orixá da Morte.

Antes de falar deste Orixá, é preciso deixar claro que uma das principais divisões entre os Orixás é, entre aqueles que são ligados a vida e os que se relacionam com a morte. Muitos adeptos da religião acreditam que Xapanã ou Nanã Borocum são os que trazem o evento morte, porém não é verdade! Eles ligam-se ao fenômeno, mas não o causam, por exemplo Nanã é quem recebe no corpo físico na Terra, enquanto Xapanã separa o espirito do corpo. Assim como, Oxum é quem proporciona a fertilidade da mulher, para que ela possa gerar a vida. O Orixá da Morte, chama se IKU, um nome masculino.   

Quando Obatalá moldou o homem a partir do barro sagrado de Nanã Buruquê, Olodumare (Deus) preencheu aquele ser feito de lama com o Emì (traduzido como respiração, é o sopro de vida dado por Deus). Entretanto, era necessário que a matéria-prima voltasse para a Terra, não poderia viver para sempre, ou acabaria com o Planeta. Olodumare ofereceu a função a todos os deuses, que negaram, o único que aceitou foi IKU, deste então é ele quem a personificação da morte, é o único Orixá que toma o Ori de todos em certo momento.

Outra vertente, diz que para confeccionar o homem, era necessário tirar o barro da Terra, que chorava de dor, nenhum Orixá suportou essa tarefa, o único que conseguiu retirar sem se incomodar com o choro do planeta foi Iku, desse modo, ele é quem retira a matéria prima, e depois a devolve ao local de origem.

Ainda existe uma terceira vertente, dizendo que Iku é um homem de beleza inigualável, que seduz homens e mulheres, esses acabam o seguindo até a “floresta da morte”, seria uma analogia para morrer.
Os Iaôs de incorporação, recebem seu Orixá no Ori, um exemplo um filho de Xango, vai incorporá-lo e não Ogun, Iku é o único que pega a cabeça de todos! Independe da mediunidade e do Orixá. Para muitos é um ser feio e monstruoso, para os mais antigos é um jovem lindíssimo, é claro que criaram essa imagem ruim pelo medo de morrer. Existem sim ebós desse orixá, para afastar doenças, eguns(espíritos desencarnados) e afins. É ligado ao Odu de número 13.
 

sábado, 7 de outubro de 2017

O SENHOR DAS ENCRUZILHADAS, DONO DO MEUS CAMINHOS

BARÁ.
Primeiro Orixá do Panteon Africano, é dinâmico e jovial. É o intermediário entre os homens e as divindades, considerado o mensageiro. Dono dos caminhos e das encruzilhadas simboliza o movimento, portanto fecha e abre os caminhos. É um orixá das questões mais imediatas relacionadas a dinheiro e trabalho. É a ele que pedimos abertura nos negócios financeiros, pedimos que leve aos demais Orixás os nossos pedidos e agradecimentos, não teremos êxito sem iniciarmos as obrigações com o Orixá Bará.


Qualidades: Elegba, Lodê, Lanã, Adague e Agelú.
Dia da semana: segunda-feira. E quando Bará Agelú, ele acompanha os Orixás de praia na sexta-feira.
Cor: vermelha.
Guia: vermelha ou corrente de aço.

Ferramentas: foice, chave, corrente, garfo e ponteira.
Lugar de oferendas: cruzeiros abertos, encruzilhadas e mato. E quando Bará Agelú, na beira da praia.
Aves: galo vermelho ou casal de galinhas d'angola.
Pombo: branco e preto, preto e cinza, cinza, marrom e branco.

Quatro - pé: bode preto para Elegba, bode preto ou qualquer outra cor para Lodê, cabrito de qualquer cor menos preto para Lanã, Adague e Agelú.
Peixe: pintado
Frutas: manga, laranja, cola, amora, butiá, maracujá e cana-de-açúcar,...
Flor: cravo vermelho.
Características: dono dos cruzeiros.
Saudação: Alupo.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

HERANÇAS CATÓLICAS

                      Durante décadas: prisioneiros africanos foram deportados ao Brasil em porões de navios sob a condição de escravos, eles se originavam de diversas regiões; consequentemente reuniram-se aqui membros de tribos distintas com línguas e costumes próprios - muitas vezes rivais; no entanto, algo era semelhante entre todos: a Fé nos ancestrais, os Deuses Africanos, os ritos e os ritmos.
                      Embora as raízes de nossa religiosidade sejam puras, aqui foram aculturadas com outras e sobretudo com a Igreja Católica, que agregou a todos os escritos da Bíblia. Sem a possibilidade de tocar seus instrumentos e saudar seus Deuses, os africanos e seus descendentes foram absorvendo os ensinamentos bíblicos e caracterizando Orixás tal qual os Santos Católicos.
                      Essa foi a forma encontrada pelos africanos para manter vivo o culto aos Orixás, Inkises e Voduns, e, como as rezas eram cantadas em dialetos africanos: Foi inteligente associar São Jorge a Ogum ou Iemanjá a Nossa Senhora Dos Navegantes, mantendo o sincretismo como esteio da religiosidade durante séculos.
                      Alguns escravos catequizados aceitavam a existência de Cristo; no Quilombo de Palmares - por exemplo - foram encontrados altares com imagens católicas. A mitologia de uma nova religião, Afro-Brasileira, foi transmitida por várias gerações e até hoje se faz presente no Candomblé, no Batuque e na Umbanda.
                      Outra influência católica nos ritos africanistas é a Quaresma, o período de 40 dias que antecede a Páscoa.Durante essa quarentena, o cristão irá se abster de festas, carnes vermelhas e deve jejuar até o domingo da ressurreição. Com isso, durante a escravidão os africanos ficavam impedidos de praticar seus ritos, criando um costume que se reflete nos dias de hoje: Fechar os Pejís no carnaval e resguardá-los até o sábado de aleluia, quando se realizam diversos preceitos para a iniciação de um novo ano.
                      Atualmente africanistas dividem-se em dois grupos: os que praticam o resguardo da quaresma (maioria), e aqueles que apesar do respeito não concordam com a mistificação das entidades religiosas e portanto não cultuam os Santos Católicos.
                     A Quaresma é uma herança do tempo que devíamos esconder nossos Orixás, uma imposição Católica sobre a doutrina Africana, mas, que atualmente não é vista com a agressividade do açoite. Entre  nós, os religiosos de matriz africana há um grande respeito a fé cristã e períodos pascais são sempre envoltos por ritos e esperanças de uma vida renovada.
                      O seun pupo, gbogbo eniyan!!!

sábado, 23 de setembro de 2017

UM PUNHAL QUE FERE

                      O artigo V da Constituição Brasileira, que nos garante o livre exercício de nossas práticas religiosas, na verdade para nós africanistas nada mais é do que uma faca de dois gumes entre benefícios e consequências. Mas minha pergunta é, até onde vai esta tal liberdade religiosa?
                      Este artigo foi acrecido na reforma constitucional de 1984 (exatamente no ano em que fiz meu Orixá); Durante décadas afro-umbandistas foram perseguidos, discriminados pela polícia; os casos de charlatanismo não eram tão evidentes e nem tão impunes, havia um respeito maior. Também havia uma burocracia que orbitava em torno dos Templos, era necessário cadastro em entidades como federações ou associações - que nomeavam um responsável "vivo" pelo então reconhecido Babalorixá ou Yalorixá, exigiam um conhecimento razoável de liturgias, Obrigações completas, instalações adequadas para expedir um Alvará de Aberturado Ilê, além disso exigiam disciplina emitir as Famosas Licenças de Toques.
                       Após a elaboração da atual "Carta Magna", E por consequência das facilidades, Houve uma explosão demográfica na quantidade de "Prontos"; não existe mais poder de fiscalização, nem normas específicas para o Apronte - cada casa define suas liturgias conforme o seu "Fundamento". No passado, sem importar a nação, durante anos o iaô aprendia a cozinha, as comidas, as rezas, os ritos, os trabalhos, o jogo de Ifá; atualmente sabemos de casas de pessoas iniciadas e que em alguns meses tornaram-se Babás e Yás com "Orumalé, Obés e Ifá", alguns criam novas seitas com anjos do apocalipse e a possível volta do Anticristo. Mas, quem vai impedí-los? A Constituição garante; é Livre!!!
                   A lei, não só essa como várias outras, é dúbia e falha, entre os benefícios, deveria estar a proteção que se "estabeleceu" sobre os africanistas; desde então nenhuma repressão por parte de órgãos do poder público ou privado deveria interferir nos rituais de nenhum segmento de matriz Africana;mas, não é tão simples assim. Deputados e Vereadores impões leis que impedem ao africanista, uma prática legal de seu culto. A Lei Estadual 11.915 tornou crime o sacrifício de animais domésticos - religiosos foram às ruas para lutarem por seus direitos e conseguiram a isenção da lei apenas para animais sacralizados e destinados a alimentação (Lei 12.131/04 - Decreto 43.252, Art. 3) A pouquíssimo tempo a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou por unanimidade uma lei que proibe o despacho de animais mortos nas vias públicas da capital, sob pena de multa.
                 Diante destas manobras políticas para acabar com nossos despachos, que, só vão para as ruas quando são trocas de saúde ou limpezas, indagamos: até aonde vai a nossa liberdade? Hoje nos proíbem de colocar animais sob o pretexto da limpeza urbana: e amanhã será que poderemos despachar nossos ecós e axés. Até quando vamos viver assim desamparados pela intolerância religiosa que se estabeleceu entre políticos do legislativo e sangrando nas mãos de falsos religiosos que utilizam a fé como fonte de exploração financeira? Até quando vamos ver ser vendidos nossos Axés que no passado não bastava pagarmos, tínhamos invariavelmente que APRENDER para conquistá-los?
                   O seun pupo, gbogbo eniyan!!!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

REZAS DE XANGÔ E OXUM DE IBEJE


Ibejis

Saudação:
Tamboreiro - A júbà Ìbejì orò, Sàngó dibeji, Òsun dibeji, Oujá níbeji, gbogbo owó fun wa òòsà ibeji, ìbejì orò! (Respeitamos aos espíritos gêmeos, Xangô convertido em gêmeo, Oxum convertida em gêmea, Oiá tendo gêmeos, espíritos gêmeos!)
Responder - Ìbejì orò! (Espíritos gêmeos!) 

T - Dì owo dì owo tàlà d'Ìbejì èjì owo tàlà d' Ìbejì èjì owo olórun dê ou! (Oh! Chega o dono do céu convertido em dobro de riqueza, convertido em gêmeos da fronteira para este mundo)

R - Dì owo dì owo tàlà d'Ìbejì èjì owo tàlà d' Ìbejì èjì owo olórun dê ou! (Oh! Chega o dono do céu convertido em dobro de riqueza, convertido em gêmeos da fronteira para este mundo)
T - Dì owo dì owo Sàngó d 'Ìbejì èjì owo tàlà d' ìbejì eji owo (Converte-se em riqueza Xangô, se converte em gêmeos, o dobro de riqueza do começo convertido em gêmeos)
R - Dì owo dì owo Sàngó d 'Ìbejì èjì owo tàlà d' ìbejì eji owo (Converte-se em riqueza Xangô, se converte em gêmeos, o dobro de riqueza do começo convertido em gêmeos)
T - Elékùn jà ré ou! (Oh dono do leão que briga e nos assusta!)
R - Ekùn jà ré ogun lò! (O leão briga, assusta e finaliza a guerra)
T - Owo owo èbùn l'èrùn dê dì lókè o wá jà estraguem okun dê elékùn jà ré ou! (Dá de presente riquezas, traz a seca, vai mensalmente lutaroh! Chega dono do leão que luta e assusta)
R - Okun jà ré ogun o (Luta com força, termina a batalha e se vai)
T - Bàbá 'rúnmalè olú fà (Pai espiritual, senhor que ampara)
R - Bàbá 'rúnmalè olú fà (Pai espiritual, senhor que ampara)
T - Tàlà d'ibeji jó Sàngó tàlà d'ibeji jó l’àlà ré wa (Do começo Xangô dança convertido em gêmeos, mais adiante virá cruzando a fronteira)
R - Anípé èjì jó (Dançam em dupla alcançando seu destino)
T - L’àlà ré wa (Virão cruzando a fronteira)
R - Anípé èjì jó (Dançam em dupla alcançando seu destino)
T - Tàlà d'ibeji èjì w'owo tàlà d'ibeji èjì w'owo (Convertido em gêmeos traz o dobro de riqueza da fronteira)
R - Oujá sei sùn 'malè tàlà d'ìbejì èjì w'owo (Oiá faz dormir os gêmeos convertidos no Orixá do princípio, vem o dobro de riqueza)
T - Hù bádé hù bádé hù bádé a k’orò (Germinem, retornem juntos que nós lhe recolhemos espíritos)
R - Dada sélè hù bádé a k’orò (Espíritos dos meninos que nascem com cabelo, nós perdemos um filho, faz com que germinem e retornem que nós os recolheremos)
T - A sé sùn Sàkpàtà, yé sùn lábà wè (Suplicamos a Xapanã, por favor, suplicamos que nosso lar se limpe)
R - A sé sùn Sàkpàtà, yé sùn lábà wè (Suplicamos a Xapanã, por favor, suplicamos que nosso lar se limpe)
T - Esun lábà wè, esun lábà wè (Que a erva tromba de elefante limpe nosso lar)
R- A sé sùn Sàkpàtà, yé sùn lábà wè (Suplicamos a Xapanã, por favor, suplicamos que nosso lar se limpe)
T - Àlà wí àlà wí erù rè bàbá (Em sonhos o pai nos comunica do peso adicional [gravidez])
R - Àlà wí àlà wí erù rè bàbá (Em sonhos o pai nos comunica do peso adicional [gravidez])
T - Orò kun dê ou! (Oh! Espírito te divida e chega)
R - Altar dê kun dê kun dê ká (O corpo chega dividido, chega em partes)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

LINDA POESIA EM HOMENAGEM AOS MENINOS DE OXUM

Barravento

aos meninos de Oxum
que, convenhamos,
encarnam o belo
do masculino
na nudez
da doçura.

são os meninos de Oxum
que fazem a vaidade
inundar além da gota
estas qualidades
do mundo rude
dos homens.

Oxum deixa em seus meninos
o abebé da candura
porém, é importante dizer
que espelho é vidro
e água também
fere.

Oxum guarda meninos
guerreiros de rio
águas doces de fundura
realezas em ouro
axé de curso
da suave correnteza.

Oxum e seus meninos
amamentados em seu seio
despontam na terra
a herança do ouro
da beleza
da vidência
e da destreza
choram a glória
enxergam a vitória
desta herança
Ijexá,
Idé,
Yéyé ó
quão lindo são
os meninos de Oxum
na roda, quando os toma
e Ela dança.