quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BARÁ


EXÚSBARÁ OU EXU
SAUDAÇÃOALUPO ou ALALUPO(batuque)
LAROYE EXÚ (candomblé)
DIA DA SEMANASEGUNDA-FEIRA
DOMÍNIOSCAMINHOS
ENCRUZILHADAS
PORTÕES, ETC
CORVERMELHO
VERMELHO E PERTO
PRETO
FERRAMENTASCHAVETRIDENTE
OFERENDASBARÁ
PADE DE EXÚ

“O conceito de Imolê Êxù Yangí, Imolê Exu Âgbâ ou Âgbâ-Êxù.”O Criador (Olôrun, Olodumaré ou Nzambi) deu a vida ao seu primogênito, Obâtálâ (Oxalá), onde, mais tarde, também deu-lhe a incumbência de formar o mundo físico, material. Oxalá e todos os Orixás Funfun primordiais são os senhores da cor branca.
O segundo, foi Odùduwâ, igual em importância. O(a) senhor(a) da cor preta. Ambos foram criados de Sua própria essência. De seu hálito. Veio o terceiro...
Da lama primordial, da matéria confusa do Cosmos antes de ser ordenado, O Criador formou um montículo que se ergueu naquela matéria inerte. Assoprando-lhe, aquele rochedo avermelhado, de laterita, tornou-se vivo. Esse novo ser, essa divindade primordial participante da criação do plano físico (Imolê) dotou-se de muitos nomes por suas inúmeras qualidades. Criava-se ali Êxú Yangí (Exu da Laterita Vermelha), Êxú Âgbâ (Exu Ancestral) ou ainda Êxú Igbá Ketá (Exu da Terceira Cabaça ou o Terceiro Criado). O senhor da cor vermelha.
Na enorme complexidade dos mitos africanos, esse também tem inúmeros significados e fundamentos importantes.
Nesses três primeiros Imolê(s) concentra-se todo o axé, todo o poder da Criação dado pelo próprio Deus Supremo. A cor branca, geradora, masculina de Oxalá e dos chamados Orixás Funfun (os “Brancos”, fala-se em torno de cinqüenta entidades), chama-se Iwâ. Sem essa qualidade, a matéria bruta não existiria.
A cor negra, de Odùduwâ, é Âbá. Símbolo da essência gestante feminina, do elemento sutil que dá composição à matéria, somando-se à branca. A cor vermelha é Âxé. O símbolo do elemento já criado, que faz a matéria não ficar suspensa, da eterna e contínua geração em processos evolutivos em todo o Universo. É a força, o poder dinamizador. Da própria vida, porque senão os demais elementos não passariam de simples matéria inerte, morta ou partículas dispersas no vácuo sem coesão... esse é o poder do Orixá Êxú à nível cósmico!
À esse nível, o Orixá Êxú é onipresente em toda a Criação. Não há uma partícula, um átomo, um ser vivo, um planeta ou uma galáxia que não se mova sem a interferência dessa força, desse Orixá/Imolê, desse impulso que ele comanda. A Terra não giraria sobre seu próprio eixo nem em torno do Sol. Não haveria, portanto nem dia, nem noite. Nem as estações do ano.”
(trecho do livro Exu Desvendado de Míriam Prestes de Oxalá / 2001)


Introdução
Exú (candomblé) ou bará-exu (batuque), é o senhor dos caminhos, caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou distanciarem-se. É quem faz com que os ritos sejam cumpridos, principal responsável pela ligação do mundo espiritual ao mundo material, orun- ayé.Entre dois caminhos lá está ele guardando, indicando. Não se faz nada pelo candomblé ou nação antes de agradar bará/exú, pois é o único Orixá que faz o elo de ligação entre nós e os demais Orixás. Tanto na passagem, como na comunicação, por isso é considerado o mensageiro.
Exú é um Orixá tão importante quanto todos os outros Orixás. Por ser mais ligado com o mundo terrestre, possui certos costumes e temperamentos parecidos com os dos seres humanos. Exú é erradamente sincretizado pelo diabo cristão.
Por ser um Orixá que cuida dos caminhos onde percorrem homens, Orixás, espíritos, etc e sendo o elo de ligação entre esses mundos, Exú possui múltiplos contraditórios, sendo bom e mau, astuto, grosseiro, indecente, protetor, alegre, brincalhão, violento, etc ou seja, é o Orixá mais humanizado do Panteão, pois em seus arquétipos incluem-se as impurezas causadas ou existente nos homens, devido a esses aspectos, foi sincretizado pelos primeiros missionários, com o diabo cristão.
Exu é um orixá de múltiplos e contraditórios aspectos, o que torna difícil defini-lo de maneira coerente. De caráter irascível, ele gosta de suscitar dissensões e disputas, de provocar acidentes e calamidades públicas e privadas.
Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas. É também ele que serve de intermediário entre os homens e os deuses.
Por essa razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes e qualquer outro orixá, para neutralizar suas tendências a provocar mal-entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os deuses e, até mesmo, dos deuses entre si.
É astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto que os primeiros missionários, assustados com essas características, compram-no ao diabo, dele fazendo o símbolo de tudo o que é maldade, perversidade, abjeção, ódio, em oposição à bondade, à pureza, à elevação e ao amor de Deus.
Légba
Entre os fon do ex-Daomé, Èsù-Elégbára tem o nome de Légba. Ele é representado por um montículo de terra em forma de homem acocorado, ornado com um falo de tamanho respeitável.
Esse detalhe deu motivo a observações escandalizadas, ou divertidas, de numerosos viajantes antigos e fizeram-no passar, erradamente, pelo deus da fornicação.
Esse falo ereto nada mais é do que a afirmação de seu caráter truculento, atrevido e sem-vergonha e de seu desejo de chocar o decoro.
Os Légba, guardiões dos templos de Hévioso, vodun do trovão, e de sapata, vodun equivalente a Sànpònná dos iorubás, manifestam-se através de légbasi, equivalentes a Olúpòna, durante as cerimônias celebradas para esse vodun.
Os légbasi vestem-se com uma saia de ráfia tinturada de roxo e usam a tiracolo inúmeros colares de búzios.
Debaixo da sua saia traz, disfarçado, um volumoso falo de madeira que levantam, de vez em quando, com mímicas eróticas.
Além disso, têm na mão uma espécie de espanta-moscas, Roxo, semelhante a um espanador, no qual está escondido um bastão em forma de falo, que eles agitam, de maneira engraçada, na cara das pessoas presentes, particularmente sob o nariz dos turistas, pois os légbasi não deixam de observar seus sentimentos ambivalente diante dessas exibições.

Para Exu, tudo começa e termina numa encruzilhada, pois ele tem seu domínio dentro das encruzilhadas do Mundo; por isso ele é o Senhor das Trevas, do Fogo, nos cultos afro-brasileiros, Exu tem diversos nomes, que variam de acordo com a origem que ele irradia seu poder mágico, dentro do Rito Cabalístico onde foi chamado, de acordo com o Culto ou Nação Afro.


O lugar consagrado a Exu é, geralmente, ao ar livre ou no interior de uma pequena choupana isolada ou, ainda, atrás da porta da casa.

É simbolizado por um tridente de ferro, plantado sobre um montículo de terra. A segunda-feira é o dia da semana consagrado a ele. As pessoas que procuram a sua proteção usam colares de contas pretas e vermelhas.
As oferendas, de animais e comida, como na áfrica, são-lhe apresentadas antes das dos outros orixás.
Diz-se na Bahia que existem vinte e um Exus, segundo uns, e apenas sete, segundo outros.
QUALIDADES:
1) Elegbára - È o mesmo ÈXÙ IGBÁKETA BARAQUETU OBÁ. É o mais velho, a primeira forma a surgir no mundo. É o dono do poder dinâmico do processo da multiplicação dos seres. Está ligado tanto ao ancestral masculino como ao feminino. Carrega o ADOIYRAN, cabaça que contém a foca de se propagar. Esta cabaça vai no assentamento. É companheiro inseparável de ÓGUN, a ponto de serem confundidos. Vestem o branco, vermelho, e o azul escuro. Come bichos machos; fêmeas.
2) Alákétu - É o EXÚ do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro.
3) Laalu - ÈXÙ dos caminhos de ÒÒXÀLÀ. Não deve beber cachaça nem dendê. Veste-se de branco. Vem também, para outros Orixás.
4) Ajelu - Associado ao WÁJI. Que represente o fruto da terra e por extensão o mistério do processo oculta da vida e multiplicação. Dele é o caracol africano. Veste azul arroxeado. Ás vezes aparece vestido de preto.
5) Run danto
6) Tiriri - Acompanha ÒGÚN pelas estradas. Usa vermelho e todas as cores. Sempre nas porteiras dos barracões e caminhos. Tem grande força.
7) Lonan- É o EXÙ das porteiras dos barracões , vigia os caminhos. Traz clientes e a fartura. Usa vermelho, preto e azul arroxeado.
8) Jele bara
9) Anan ou Inan - È invocado no ritual do IPADÊ. É associado ao fogo e representa a força. É simbolizado pelo EGAN ( gorro em forma de cone), pelo pássaro e pelo IKÓDÍDE, pena vermelha do papagaio OÍDE
10) Bará
11) Jigidi- Provocador de brigas.
12) Mavambo
13) Embeberekete
14) Sinza Muzila
15) Sandú
16) Baragbo
17) Akesan - É o que fala pelos búzios.
18) Baralajki
19) Betire
20) Lamu Bata
21) Okanlelogun

Arquétipo

Os filhos de bará/exú possuem um caráter imprevisível ora são bravos, intrigantes e ficam muito contrariados, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros. Não aceitam derrotas, são melindrosos, de temperamento difícil. Se você tiver desentendimento com algum filho de Exú, aguarde que haverá retorno.
Seus filhos precisam estar sempre em atividade para poderem liberar toda energia que possuem.
Possuem muita tendência à espiritualidade; são fiéis fervorosos que esbanjam fé...


Lenda-01
Todos os Orixás possuem muitas lendas, passadas de boca em boca durante milhares de anos. Citamos aqui duas lendas referentes a exú/bará: Uma mulher que esqueceu de alimentar Exú, se encontra no mercado vendendo os seus produtos. Exú põe fogo na sua casa; ela corre prá lá, abandonando seu negócio, a mulher chega tarde, a casa está queimada e, durante esse tempo, um ladrão levou suas mercadorias. Nada disso teria acontecido se tivesse feito a Exú as oferendas e os sacrifícios usuais em primeiro lugar.


Lenda-02
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Orixá invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Exú grandes pedaços de carne de bode. Exú comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Exú teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede! Exú foi á torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:

O dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;
O dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!
O dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!
E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Exú carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso! Pois, em todas as coisa, o demais é inimigo do bom.


Lenda-03
Conta a lenda que houve uma demanda entre Exú e Oxalá para que pudesse saber quem era o mais forte e respeitado, e foi aí que Oxalá provou a sua superioridade pois, durante o combate, Oxalá apoderou-se da Cabaça de Exú a qual continha o seu poder mágico transformando-o assim em seu servo. Oxalá então permitiria que Exú a partir de então recebesse todas as oferendas e sacrifícios em primeiro lugar. A importância de Exú é fundamental, uma vez que ele possui o privilégio de receber todas as oferendas e obrigações em primeiro lugar, nenhuma obrigação deve ser feita sem primeiro saudar a Exú. É o dono de todas as encruzilhadas e caminhos, é o homem da rua, quem guarda a porta e o portão de nossas casas, quem tranca, destranca e movimenta os mercados, os negócios, etc. Exú também nos confirma tudo no jogo de Ifá (búzios).

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